Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
OS DESAFIOS DO USO DO VENETOCLAX NA LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA SECUNDÁRIA: UM RELATO DE CASO
Abstract
Objetivos: Relato de caso de Leucemia Mieloide Aguda (LMA) secundária a tratamento prévio para Linfoma Linfoblástico T (LL-T). Relato de caso: Paciente feminina, 58 anos, internada em janeiro de 2024 por pancitopenia e 20% de blastos em sangue periférico. Trata-se de paciente que fez diagnóstico de LL-T em março de 2019 após internação por empiema pleural, no qual foi submetida a toracotomia e identificada massa mediastinal de aspecto neoplásico em região paracardíaca esquerda, sendo realizada biópsia. Inicialmente, biópsia recebeu laudo de Linfoma Não Hodgkin de baixo grau, sendo iniciado terapia com Protocolo CAPP, mas devido a intercorrências foi modificado para CHOP. Durante este tratamento, houve a necessidade de revisão de laudo, identificando o diagnóstico de LL-T com marcadores positivos em imunohistoquímica para CD 99, CD8, CD2, CD3, CD5, CD4, TdT e Ki67 de 90%. Este quadro onco-hematológico foi tratado com Hyper-CVAD até janeiro de 2020. No diagnóstico atual, apresentou estudo medular com morfologia compatível com Leucemia Mieloide Aguda e Imunofenotipagem com 69,7% de blastos mieloide com positividade para CD13, CD33+, CD34, CD71+, CD117 heterogêneo, CD123++, MPO (14,6%), FISH para LMA com deleção do MLL (11q23.3) em 88% e cópia adicional do RUNX1 (21q22.12) em 94,5% e Cariótipo da medula óssea com material adicional no braço longo do cromossomo 7 em 17 metáfases. A partir desses dados, foi iniciada terapia com Protocolo Citarabina e Daunorrubicina, contudo a doença se demonstrou refratária, sendo assim, optado por iniciar Protocolo com Azacitidina 75 mg/m2 por 7 dias e Venetoclax 400 mg por 14 dias. No momento, paciente em programação de início do quarto ciclo de Azacitidina e Venetoclax, apresentando doença residual mínima negativa em estudo medular do dia 26/06/2024. Discussão: Embora o diagnóstico e prognóstico de pacientes com Leucemia Mieloide Aguda secundária sejam desafiadores e o uso de Venetoclax ter sido estudado em casos de pacientes não candidatos a terapia intensiva em ciclos de 28 dias, notamos que o caso exposto vem seguindo com boa resposta terapêutica e ausência de complicações e internações com ciclos de 14 dias. Conclusão: Apesar dos desafios, o caso em estudo nos mostra que o uso de venetoclax em diferentes circunstâncias e em intervalos de tempo requerem melhor elucidações, pois pode ser a oportunidade de pacientes refratários a outras terapias.