Gazeta Médica (Sep 2024)
Estarão a Disfunção Sexual Feminina e a Contraceção Hormonal Interligadas?
Abstract
O efeito da contraceção hormonal (CH) na sexualidade feminina há muito que tem vindo a ser matéria de discussão. Alguns estudos sugerem que as experiências negativas relativamente ao uso de CH são as principais causas de descontinuação ou alteração do método contracetivo. Neste sentido, o principal objetivo do presente artigo será rever a literatura publicada sobre o tema nos últimos 10 anos e compreender a eventual relação entre o uso de contraceção e a disfunção sexual feminina. Foi realizada pesquisa da literatura, entre o dia 4 e 8 de Abril de 2022, nas principais bases de dados de medicina baseada na evidência, com data de publicação: janeiro de 2012 a março de 2022, utilizando os termos MeSH: feminine sexual dysfunction, oral contraceptives, e hormonal contraceptives. Foi consultado o Consenso sobre Contraceção (2020), o Protocolo de Ginecologia no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários (2019) e o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM -V 2013). Os métodos contracetivos poderão apresentar efeitos negativos sobre a sexualidade feminina, nomeadamente na diminuição do desejo sexual e líbido. Dentro da CH é difícil retirar conclusões sobre qual o melhor método anticoncecional, no entanto, há vários estudos que sustentam que os dispositivos intrauterinos apresentam menor impacto na sexualidade feminina. Apesar da difícil avaliação da DSF e da disparidade de definições existentes, este é um problema real e que pode afetar significativamente a qualidade de vida das mulheres e do casal, e, para o qual, todos os médicos devem estar sensibilizados. É importante que haja um aconselhamento adequado e ajustado às expectativas de cada mulher, de forma a aumentar a adesão ao método e a satisfação da utilizadora.