História (Jun 2015)

A escrita no mundo urbano

  • Maria Helena da Cruz Coelho

DOI
https://doi.org/10.1590/1980-436920150001000030
Journal volume & issue
Vol. 34, no. 1
pp. 16 – 34

Abstract

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Após uma apresentação caracterizadora das cidades, analisamos neste estudo vários aspectos que se relacionam com a escrita de um centro urbano. Fixamo-nos, porém, na escrita ao serviço dos órgãos e poderes urbanos e não na sua utilização pelos moradores da cidade. Atenta-se, então, nos materiais envolvidos na escrita, nos agentes do acto de escrever e, sobretudo, nos documentos escritos. Detemo-nos nestes com maior profundidade, dando a conhecer os documentos isolados, em pergaminho ou papel, e a sua diversidade tipológica. Mas enfatizamos, em particular, as estratégias das autoridades urbanas que recorrem a processos mais elaborados de escrita, como a composição de livros e tombos, verdadeiros míni-arquivos; o manejamento de róis e arrolamentos, em que se plasma uma escrita serial, que lhes permitia controlar homens e bens; a sua preocupação com a arquivação dos documentos, fundamentos da sua memória, legitimação e exercício do poder; a articulação com a oralidade, numa sociedade maioritariamente de gente iletrada, para dar a conhecer e ver executadas as suas ordens; bem com a exigência de circulação de documentos, notícias e mensagens com outros poderes superiores ou paralelos. Com este estudo pretende-se evidenciar, de forma fundamentada, o uso da escrita como um meio, um produto e um fim do exercício da governança e como um testemunho da demarcação dos poderes urbanos.

Keywords