Ecos do Minho (Jul 2020)

Diagnóstico pós-natal da atrésia esofágica: revisão teórica e experiência de 15 anos num hospital de nível II

  • C. Valpaços,
  • S.P. Silva,
  • A. Rego,
  • B. Sousa,
  • C. Dias,
  • I. Martinho,
  • J.R. Amorim,
  • A. Laranjeira

Journal volume & issue
Vol. 15, no. 1
pp. 25 – 34

Abstract

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A atrésia esofágica (AE) é uma anomalia congénita, caracterizada pela interrupção do normal desenvolvimento do esófago, da qual resulta uma ausência de continuidade e que pode coexistir com uma comunicação com a traqueia. A etiologia é multifatorial, ocorrendo de forma isolada ou associada a outras malformações. A sua incidência é de cerca de 1/2.500-4.500 nados vivos. O diagnóstico ecográfico pré-natal é possível mas, na maioria das situações, a hipótese de AE apenas é levantada após o nascimento. Pretende-se com este trabalho fazer o relato de uma série de casos, acompanhado de uma revisão teórica. Foram incluídos os casos dos indivíduos nascidos entre 1 de janeiro de 2004 e 31 de dezembro de 2018, com diagnóstico pós-natal de AE (n = 10). Os dados foram colhidos através da consulta física dos processos clínicos e da informação constante no SClínico®. Foram registados dados demográficos, informação relativa à gravidez, parto, diagnósticos pré e pós-natal, tipo de AE, sua manifestação clínica e complicações. A incidência anual de AE variou entre 0 e 1.49‰, e em todos os casos foi identificada uma AE tipo C (classificação de Gross). As complicações pós-operatórias mais frequentes foram a estenose da anastomose e a repermeabilização da fístula traqueo-esofágica. O óbito ocorreu em 2 dos casos. Este trabalho coloca em evidência o facto de a deteção precoce da AE, assim como os cuidados médicos pré-operatórios, serem essenciais para a redução de complicações potencialmente fatais.

Keywords