Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
OR-03 - O PAPEL DOS GENES DE RESISTÊNCIA E VIRULÊNCIA EM CEPAS DE STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS NA PATOGÊNESE E NO RESULTADO CLÍNICO DE INFECÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS: UMA ANÁLISE GENÔMICA COMPARATIVA
Abstract
Introdução: Staphylococcus epidermidis (SEPI) é um agente oportunista comensal produtor de biofilme cutâneo frequentemente associado a infecções musculoesqueléticas (IME), com e sem implantes. Objetivo: Este estudo teve como objetivo identificar marcadores fenotípicos e genotípicos diferenciadores entre SEPI da pele comensal e cepas patogênicas causadoras de IME. Além disso, o estudo avaliou desfecho de cura e recidiva dos pacientes com IME durante um período de acompanhamento de um ano. Método: Um total de 46 isolados SEPI de casos de IME (n = 31) e swab de pele de indivíduos saudáveis (n = 15) foram estudados. As características fenotípicas foram avaliadas por meio de testes de suscetibilidade à microdiluição em caldo e ensaios de formação de biofilme. A identificação das espécies foi realizada utilizando espectrometria de massa (MALDI-TOF MS), e o sequenciamento completo do genoma (Ion Torrent Thermo Fisher®) foi utilizado para determinar relações filogenéticas (PubMLST), resistoma (ResFinder) e viruloma (VFDB). Resultados: Entre as 46 cepas SEPI, 71,7% (n = 33/46) foram resistentes à oxacilina (MRSE), com detecção do gene mecA em 56,5% (n = 26/46). Curiosamente, o gene mecA foi identificado em 50% dos casos de IME em comparação com apenas 6% dos isolados comensais (p = 0,0005). Além disso, a resistência à oxacilina foi significativamente mais frequente nas cepas associadas à recidiva (45,1%) do que nos casos que curaram (32,3%) após um ano de acompanhamento (p = 0,040). A resistência à rifampicina com mutações no gene rpoB foi observada em 26% dos casos de IME (n = 12/46), enquanto todas as cepas comensais foram sensíveis à rifampicina. Os filotipos SEPI previamente associados à IME (ST2 e ST23) foram caracterizados exclusivamente em casos de infecção. No geral, os isolados produziram um biofilme forte ou moderado, com maior prevalência em casos de IME (54,3% vs. 19,5%). O elemento genético móvel IS256, associado à formação de biofilme e invasibilidade, foi encontrado apenas em isolados de casos de MSI, sendo significativamente mais carreado em isolados de pacientes com desfecho de recorrência da infecção (p = 0,038). Conclusão: Estas descobertas demonstram que a resistência aos antibióticos e a formação de biofilme em cepas SEPI estão fortemente associadas à invasibilidade e à falha do tratamento em pacientes com IME. O estudo contribuí para o desenvolvimento de melhores estratégias diagnósticas e terapêuticas para infecções associadas à SEPI.