Revista Espaço Acadêmico (Mar 2020)
O significado das escolas anarquistas para nossos dias
Abstract
O processo de escolarização da sociedade brasileira tem se acentuado desde meados do século XX. Existem diversos estudos refletindo este tema. No mais das vezes, objetivam melhorar a escola contemporânea. As críticas, no geral, deixam incólume a escola enquanto tal. Introduzida no Brasil pelos jesuítas no século XVI, a escola foi expandida na Era Vargas (1930-1945) e adensada pelos governos militares a partir de meados da década de 1960. Entretanto, nos inícios do século XX o movimento operário brasileiro realizou diversas experiências com educação popular, instaurando escolas para os filhos dos trabalhadores, chegando a ter realizado duas experiências com universidade popular. Este episódio educacional de nossa vida social merece ser devidamente recuperado. Isto, não a partir da naturalização de nosso universo escolar e de nossos processos educacionais escolarizados. Retomar o tema das escolas anarquistas como me proponho aqui, pressupõe um esforço em afastar valores exógenos às concepções orientadoras dos trabalhadores anarquistas quando inventaram suas escolas. A palavra “escola” é a mesma usada hoje e no período referido. Mas isto não deve ser um estorvo ao conhecimento de experimentos educacionais impermeáveis à lógica binária, punitiva e concentracionária da escola contemporânea. O que foram estas escolas? Como foram possíveis? De que maneira existiram? Quais são suas características pedagógicas? Por que não são amplamente conhecidas e debatidas hoje? Há reflexos das escolas anarquistas em nossos dias? As escolas de hoje possuem pontos em comum com as escolas anarquistas? Estas são as questões orientando as reflexões neste artigo.