Modelos dinâmicos e redes sociais: revisão e reflexões a respeito de sua contribuição para o entendimento da epidemia do HIV
Abstract
Há especificidades na epidemia do HIV que fazem com que sua transmissão fuja à aleatoriedade verificada na transmissão de outras doenças infecciosas. A observação da epidemia tem mostrado que os comportamentos individuais - padrões de relação que os indivíduos mantêm entre si - desempenham papel crucial na transmissão do HIV e que as estratégias de prevenção do crescimento da epidemia devem tomar em conta este fator para a alocação eficiente dos recursos existentes. Modelos matemáticos e estatísticos que utilizam a abordagem compartimental aplicada à epidemia estimavam as interações entre grupos cujas características e comportamentos variavam. Contudo, tais modelos eram mais "pós-ditivos" que preditivos, atribuindo-se isso à representação inadequada da estrutura social das populações pelas quais se disseminam os agentes infecciosos. Assim, passou-se a aplicar a metodologia de redes sociais à abordagem da epidemia do HIV. Este artigo discute alternativas à aplicação desta metodologia à epidemia brasileira, ponderando que as redes sociométricas de risco estruturam o fluxo de agentes infecciosos em comunidades, criando oportunidades ímpares a sua interrupção.