Revista Brasileira de Terapia Intensiva (Jun 2008)
Características e evolução dos pacientes tratados com drotrecogina alfa e outras intervenções da campanha "Sobrevivendo à Sepse" na prática clínica Characteristics and outcomes of patients treated with drotrecogin alpha and other interventions of the "Surviving Sepsis" campaign in clinical practice
Abstract
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Para reduzir a mortalidade da sepse foram sugeridas intervenções agrupadas na campanha "Sobrevivendo à Sepse". O objetivo do estudo foi descrever a aplicação destas intervenções: controle glicêmico, corticóide no choque séptico, inotrópicos e drotrecogina-alfa na sepse. MÉTODO: Foram estudados 110 pacientes com sepse de sete hospitais do Recife/Brasil, que receberam drotrecogina alfa entre 2003/2006. Foram obtidos dados no manuseio da sepse conforme a campanha "Sobrevivendo a Sepse", uso da drotrecogina alfa, mortalidade aos 28 dias e sangramentos intensos. RESULTADOS: O APACHE II médio foi 25,6 e o SOFA médio foi 9,2; 95% dos pacientes apresentaram duas ou mais disfunções orgânicas e 98% apresentavam choque séptico; 56% tinham menos de 65 anos. O foco de infecção mais comum foi abdominal (48%) e respiratório (28%). Utilizou-se hidrocortisona em 61% dos pacientes, e 29(48,3%) morreram. Dos 38 pacientes com choque séptico prolongado que não o receberam, 28(73,7%) faleceram. Cerca de 97 pacientes apresentaram glicemia não controlada, destes, 65% atingiram controle glicêmico estrito e a mortalidade foi 51,6%. O ganho de fluídos variou de 600 ml a 9.400ml nas primeiras 24h. Disfunção miocárdica foi detectada em 30 pacientes. A infusão da drotrecogina-alfa foi iniciada em 24h em 45%, entre 24 e 48h em 35% e após 48h em 20%. Morte ocorreu em 57% e sangramento intenso em 9%. CONCLUSÕES: Observaram-se divergências entre as recomendações da campanha "Sobrevivendo à Sepse" e a prática clínica. A mortalidade foi 57%, similar à encontrada na literatura para pacientes com choque séptico, independente do uso da drotrecogina-alfa.BACKGROUND AND OBJECTIVES: To face the high mortality of sepsis, interventions grouped as "Surviving Sepsis Campaign" have been suggested. The aim of the study was to describe the application of glycemic control, corticoid use in septic shock, inotropics and drotrecogin-alpha in sepsis. METHODS: We studied 110 patients with sepsis from Recife/Brazil, who received drotrecogin-alpha between 2003/2006. Data on management of sepsis considering Surviving Sepsis Campaign, drotrecogin-alpha, mortality at 28 days and severe bleeding were recorded. RESULTS: Mean APACHE II was 25.6 and mean SOFA was 9.2. Around 95% of the patients presented two or more organ dysfunctions and 98% presented septic shock. The majority (56%) were under 65 years. Abdominal (48%) and respiratory (28%) focus of infection were the most prevalent. Hydrocortisone was used in 61% of the patients, and 29 (48.3%) died. Of the 38 patients with prolonged shock that did not receive it, 28 (73.7%) died. Of the 97 patients who presented uncontrolled glycemia only 65% achieved strict glycemic control and the mortality was 51.6%. Fluid gain ranged from 600 ml to 9,400 ml in the first 24h. In only 30 patients was myocardial dysfunction detected. The infusion of drotrecogin alpha started within 24h in 45%, between 24 and 48h in 35% and after 48h in 20%. Death occurred in 57% and severe bleeding in 9%. CONCLUSIONS: Discrepancy between the recommendations of Surviving Sepsis Campaign and clinical practice was observed. Death rate was 57%, similar to that found in the literature for septic shock irrespective of the use of drotrecogin-alpha.
Keywords