Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)
TUBERCULOSE EM PRESÍDIOS: REVISÃO SOBRE OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A ALTA PREVALÊNCIA DA RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS
Abstract
Introdução: A alta prevalência da tuberculose (TB) na População Privada de Liberdade (PPL) pode gerar o desenvolvimento e a propagação de resistência bacteriana. Observam-se a susceptibilidade dessa população a se contaminar diante de suas fragilidades sociais. A falta de adesão ou a descontinuidade ao tratamento são os principais desafios para o tratamento de TB, pois geram resistência aos antibióticos e resulta em uma terapia mais tóxica e piora do prognóstico. Além disso, uma falha no tratamento gera maior disseminação do patógeno. Objetivo: Investigar os fatores determinantes para a prevalência da TBDR na PPL. Método: A revisão foi feita entre os meses de março e abril de 2022 fundamentada na pesquisa de artigos através da base de dados Google acadêmico, SciELO e Pubmed. Selecionaram-se 24 artigos com recorte temporal de 10 anos, de 2012 a 2022, e nos idiomas português e inglês. O levantamento de dados foi feito com base em palavras-chave como: Prisoners, tuberculosis, Brazil, Drug-Resistant, Latent Tuberculosis. Resultados: Foram encontrados 31.467 resultados, para os seguintes descritores: i:. Prisoners tuberculosis Brazil com 77 resultados no PubMed, 12.000 no Scholar, 6 no SciELO; ii:. Prisoners and tuberculosis, Extensively Drug-Resistant, Tuberculosis and Multidrug-Resistant com 9 resultados no PubMed, 3220 no Scholar; iii:. Tuberculosis and Latent Tuberculosis and Brazil com 238 resultados no PubMed, 15.900 no Scholar e 17 no SciELO. Conclusão: Observam-se fatores que relacionam a PPL com a TBDR. Ressalta-se que no ambiente penitenciário as PPL têm acesso ao diagnóstico e tratamento com medicamentos administrados por um profissional da saúde. Dentre os fatores de destaque dessa revisão tem-se: i:. transferência entre prisões, tendo um alto índice de abandono do tratamento; ii:. a pós soltura; a concessão de habeas corpus; prisão em regime domiciliar ou semiaberto, uma vez que nessas situações, ao sair da penitenciária, o doente deixa de receber o acompanhamento e abandona o tratamento; iii:. A falta de entendimento na importância de completar o tratamento pelo baixo nível escolaridade. Conclui-se que fatores como a transferência entre presídios, a pós soltura, a concessão de habeas corpus, prisão em regime semiaberto e domiciliar, baixos níveis socioeconômicos e de escolaridade contribuem para a maior prevalência de TBDR.