Ecos do Minho (Jul 2024)
Hipertensão neonatal: quando é apenas transitória
Abstract
A hipertensão neonatal é um problema clínico raro. A principal causa é renovascular. Os autores apresentam uma causa rara de hiperaldosteronismo transitório secundário a infeção renal. Um recém-nascido (RN) de termo de 22 dias, sem antecedentes de relevo, é enviado ao serviço de urgência por má evolução ponderal. Após análises de sangue e urina é diagnosticado com uma infeção do trato urinário (ITU) e iniciada terapêutica com ampicilina e cefotaxima. Durante a hospitalização, foram observados níveis persistentes de pressão arterial (PA) >P97, tendo sido realizado ecografia renal e eco-Doppler que não mostraram alterações, assim como o estudo hormonal e a função renal analítica normais, excluindo hiperplasia adrenal congénita. Em D9 de internamento, apresentou normalização dos valores de PA. As análises laboratoriais revelaram níveis de aldosterona de 335,4ng/dl (N 2-70 ng/dl) e renina de 1684 mUI/L (N <46), com função renal e eletrólitos normais. Nenhuma medicação foi introduzida. Quatro semanas depois, apresentou nova recaída de ITU com PA e função renal normais. O seguimento revelou normalização dos níveis de aldosterona e renina, assim como, PA e função renal normais. Não apresentou novos episódios de ITU, nem evidência imagiológica de sequelas renais, associado a boa evolução ponderal. O hiperaldosteronismo transitório é raramente observado em RN pós-termo e raramente secundário a ITU neonatal. Este caso realça a importância de uma informação precisa sobre os valores normais de aldosterona e renina plasmáticas baseadas na idade gestacional e dias de vida.