Manuscrítica (Dec 2020)
Filologia, Edição Digital e Estudos do Processo Criativo
Abstract
A escrita de trovas e poemas em trovas está presente nos mais variados documentos do acervo do escritor Eulálio de Miranda Motta (1907-1988) e, de acordo com as datações registradas, infere-se que, durante todos os anos em que o escritor se dedicou à literatura, ele produziu trovas. Rocha (2018) identificou 253 trovas no acervo datadas entre as décadas de 1926 e 1988. Das 253 trovas, 110 foram editadas, com base nos estudos da Crítica Textual e da Crítica Genética. Entretanto, os poemas em trovas ainda não foram editados, por se tratarem de textos com significativas singularidades no processo de criação, com tesselas que a edição impressa não daria conta de explorar em sua pluralidade, movimentos de inserção, remoção e reaproveitamento dos versos. O presente artigo pretende discutir sobre a Edição digital e as possibilidades de acesso ao texto em processo, tendo como pano de fundo as mudanças no paradigma dos estudos filológicos, com base nos estudos da “Nova Filologia”. Como referências teóricas e metodológicas utiliza-se alguns dos estudos já realizados acerca do escritor Eulálio Motta: Barreiros (2015, 2012, 2009); Barreiros (2017, 2012); Rocha (2018); no âmbito da Filologia e Humanidades Digitais: Barreiros (2018, 2015, 2013); Lose (2018, 2012, 2010); Paixão de Souza (2013); Hay (2007); Sacramento (2017); Borges (2012); Warem (2003), entre outros.