Revista de Saúde Pública (Feb 2008)

Medidas de morbidade referida e inter-relações com dimensões de saúde Measurements of reported morbidity and interrelationships with health dimensions

  • Mariza Miranda Theme Filha,
  • Célia Landmann Szwarcwald,
  • Paulo Roberto Borges de Souza Junior

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000100010
Journal volume & issue
Vol. 42, no. 1
pp. 73 – 81

Abstract

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OBJETIVO: Analisar as inter-relações entre auto-avaliação de saúde, percepção de doença de longa duração e diagnóstico de doenças crônicas. MÉTODOS: Na Pesquisa Mundial de Saúde, realizada no Brasil em 2003, foram entrevistados 5.000 indivíduos com 18 anos ou mais, selecionados a partir de amostra estratificada em três estágios. Foi utilizado o questionário original adaptado ao contexto brasileiro, abordando a presença de doença de longa duração ou incapacidade, a auto-avaliação de saúde (geral e dos vários domínios) e o diagnóstico de seis doenças crônicas (artrite, angina, asma, depressão, esquizofrenia e diabetes mellitus). Para comparar as relações entre a auto-avaliação de saúde, percepção de doença de longa duração e as doenças crônicas avaliadas foram utilizados teste estatístico de homogeneidade de proporções e modelos de regressão logística múltipla. RESULTADOS: A auto-avaliação de saúde "não boa" e a percepção de ser portador de doença de longa duração foram significativamente mais freqüentes entre mulheres, indivíduos com 50 anos ou mais e aqueles com alguma das doenças pesquisadas. Os entrevistados com diagnóstico de diabetes mellitus apresentaram as piores avaliações de saúde: 70,9% referiram doença de longa duração e 79,3% avaliaram sua saúde como "não boa". Verificou-se pior avaliação de saúde com a associação de duas ou mais doenças. O efeito da auto-avaliação de saúde sobre a percepção de doença de longa duração foi maior que o número de doenças. CONCLUSÕES: As três formas de aferição da morbidade mostraram inter-rela��ões significativas. A auto-avaliação de saúde "não boa" apresentou efeito mais importante para a percepção de doença de longa duração, sugerindo que as medidas subjetivas do estado de saúde possam ser mais sensíveis para estabelecer e monitorar o bem-estar do indivíduo.OBJECTIVE: To assess the interrelationships between self-rated health, perceptions of long-term illness and diagnoses of chronic diseases. METHODS: In the World Health Survey, carried out in Brazil in 2003, 5,000 individuals aged 18 years and over who had been selected from a three-stage stratified sample were interviewed. The original questionnaire was adapted for the Brazilian context. It covered the presence of long-term illness or disability, self-rating of health (general and in several domains) and diagnoses of six chronic diseases (arthritis, angina, asthma, depression, schizophrenia and diabetes mellitus). To compare the relationships between self-rated health, perceptions of long-term illness and the chronic diseases evaluated, the statistical test of homogeneity of proportions and multiple logistic regression models were used. RESULTS: Self-rating of health as "not good" and perceptions of having long-term illnesses were significantly more frequent among women, individuals aged 50 years and over and individuals with one or more of the diseases investigated. The interviewees with a diagnosis of diabetes mellitus presented the worst self-rated health: 70.9% reported having a long-term illness and 79.3% considered that their health was "not good". Worse health ratings were found when two or more diseases were present together. The effect of self-rating of health on the perceptions of long-term illness was stronger than was the number of diseases. CONCLUSIONS: The three ways of measuring morbidity presented significant interrelationships. Self-rating of health as "not good" had a more important effect on the perceptions of long-term illness, thus suggesting that subjective measurements of health status may be more sensitive for establishing and monitoring individuals' wellbeing.

Keywords