Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DE MANEJO E CONTROLE INSTITUCIONAL DE CLOSTRIDIOIDES DIFFICILE EM HOSPITAIS PÚBLICOS E PRIVADOS DO BRASIL

  • Luiza Arcas Gonçalves,
  • Ivan Lira dos Santos,
  • Denise Brandão de Assis,
  • Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias,
  • Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza,
  • Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros,
  • Thais Guimarães,
  • Silvia Figueiredo Costa

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103336

Abstract

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Introdução: A infecção hospitalar por Clostridioides difficile é considerada uma das principais Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, com impacto significativo em morbimortalidade, assim como nos custos hospitalares. A despeito de extensa literatura internacional, existem lacunas nos dados nacionais no que tange a abordagem diagnóstica, terapêutica e de controle de C. difficile. O presente trabalho objetiva avaliar a abordagem institucional e estruturação das CCIHs em relação à infecção por C. Difficile (CDI) em hospitais públicos e privados do país. Método: Foi realizado um inquérito transversal com aplicação de questionário autorrespondido sobre estruturação institucional de CDI, incluindo diagnóstico, tratamento e controle institucional de CDI em hospitais brasileiros, para infectologistas e membros da CCIH. Além da descrição da estruturação das instituições, foram avaliadas associações entre características dos hospitais (natureza, complexidade e porte) e disponibilidade de diagnóstico laboratorial, orientação institucional de tratamento de CDI, existência de Programa de Stewardship de Antimicrobianos. As associações foram analisadas por meio do teste de Qui-Quadrado de Pearson e o teste exato de Fisher, com p<0,05 considerado estatisticamente significante. Resultados: 281 hospitais participaram do estudo, a maioria privado (n=153; 54,5%), com maior representatividade do estado de São Paulo (n=224; 79,7%). Cerca de 18% dos serviços não dispunham de realização de testes laboratoriais para confirmação diagnóstica, enquanto, o ELISA de Toxinas A e B foi o método mais empregado (n=117; 51,3%). Para CDI não grave, metronidazol oral foi a escolha na maioria dos hospitais (n=189; 67,5%), seguido de vancomicina oral (n=69; 24,6%). A existência do Programa de Stewardship, mais frequente entre hospitais de alta complexidade (p=0.,013), foi associada ao aumento da chance de existência de uma recomendação terapêutica oficial em análise bivariada (p<0,001) e à maior chance de realização de diagnóstico laboratorial de CDI em análise multivariada (p=0,026). Conclusão: A indisponibilidade de exames laboratoriais e o predomínio de realização isolada de pesquisas de toxinas A e B podem constituir obstáculos para um controle efetivo da CDI no país, já a existência de um Programa de Stewardship foi associado positivamente ao seu manejo diagnóstico e terapêutico. Mais estudos são necessários para melhor compreensão do cenário de controle de CDI no país.

Keywords