Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SÍNDROME INFLAMATÓRIA MULTISSISTÊMICA PEDIÁTRICA (SIM-P) TEMPORALMENTE ASSOCIADA À COVID-19 NO ESTADO DA BAHIA DE 2020 A 2022
Abstract
Introdução/Objetivos: A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à Covid-19, provocada pelo vírus da família Coronaviridae, começou a ser notificada mundialmente logo após o início da pandemia e, apesar de ser uma doença rara, tem grande potencial de gravidade. Abrange a população de 0 a 19 anos e é caracterizada por quadro febril e acometimento de múltiplos órgãos secundários à inflamação sistêmica. Assim, tem-se como objetivo analisar perfil epidemiológico de crianças e adolescentes com SIM-P temporalmente associada à Covid-19 no estado da Bahia nos anos de 2020 a 2022, além de descrever a distribuição espacial e temporal, o perfil epidemiológico, a distribuição por variáveis clínicas e laboratoriais da doença e analisar evolução dos pacientes. Metodologia: Estudo descritivo com utilização de dados secundários obtidos do Research Electronic Data Capture, disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Foi construído um Banco de Dados no programa Excel®. Para análise estatística, foi utilizado o teste de Qui-quadrado de Pearson e significância estatística p < 0,05. Para armazenamento e análise foi utilizado o Statistical Package for Social Sciences. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EBMSP sob parecer consubstanciado n° 5.077.266 em 03/11/2021. Resultados: Foram notificados 135 casos da SIM-P, com maior registro na macrorregião Leste (67,4%) e o maior pico de casos (6) ocorreu na semana epidemiológica 33 de 2020. A síndrome foi mais frequente no sexo masculino (57,8%), na faixa etária de 1-4 anos (34,1%) e na raça/cor da pele parda (40,7%). Os sinais e sintomas mais frequentes foram dores abdominais (73), manchas vermelhas pelo corpo (63) e náuseas/vômitos (62). A maioria dos pacientes não apresentou comorbidades (71,9%). O exame laboratorial com maior percentual de alteração foi proteína C reativa (94,8%). O desfecho mais frequente foi a alta por cura e a letalidade encontrada foi de 4,4%. Conclusão: Faz-se necessário um maior conhecimento sobre a SIM-P por parte dos profissionais de saúde e das esferas governamentais, para a elaboração de ajustes no sistema de saúde objetivando a identificação da doença e melhor assistência ao paciente, pois o diagnóstico precoce e atendimento oportuno poderão reduzir as taxas de letalidade. Ademais, ações preventivas, como a vacinação, devem ser incentivadas, a fim de diminuir a transmissão do coronavírus, o maior responsável pela SIM-P.