Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-182 - COVID-19 E AS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE (IRAS): IMPACTO NO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO EM UTI DO INTERIOR DE SÃO PAULO
Abstract
Introdução: Em março de 2020, a COVID-19 foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia. Em decorrência dela, pessoas foram hospitalizadas e evoluíram comgravidade nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), demandando o uso de dispositivos invasivos e estando mais suscetíveis às infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil dos pacientes internados em UTI, antes, durante e após a pandemia. Considera-se como variáveis a serem estudadas as taxas de utilização de dispositivos invasivos, a densidade de incidência (DI) das infecções a eles associadas e o predomínio dos seus agentes etiológicos e perfil microbiológico. Método: Estudo transversal, descritivo, retrospectivo de análise estatística dos dados obtidos em prontuários médicos de pacientes internados, na UTI adulto, em um hospital público do município de Araras (SP) entre 2019 e 2023. As variáveis consideradas foram: média de infecção hospitalar (IH), taxa de uso de dispositivos invasivos; DI de infecções relacionadas ao uso de dispositivos invasivos, além dos seus agentes etiológicos predominantes. Resultados: Durante o período, a média de IH dos internados na UTI foi de 4,5% (2019); 10% (2020); 18,3% (2021), 7,1% (2022), 7% (2023). As taxas do uso de SVD foram 72,6% (2019); 84,7% (2020); 80,3% (2021), 73% (2022), 64% (2023); CVC, 58,7% (2019); 75% (2020); 75,5% (2021), 66,8% (2022), 58% (2023); VM, 39% (2019); 59% (2020); 51% (2021), 47,7% (2022), 53% (2023). Sobre a DI de ITU por SVD, 3,3 (2019); 2,42 (2020); 2,35 (2021), 3 (2022), 1,7 (2023). A DI de ICS por CVC teve valor de 1,4 (2019); 2,85 (2020); 2,5 (2021), 2,75 (2022), 6,1 (2023). Já a de PVM foi de 9,9 (2019); 18,9 (2020); 19,9 (2021), 12,23 (2022), 13,8 (2023). Os agentes de IH predominantes foram Klebsiella pneumoniae ESBL, Enterobacter cloacae MS e Enterococcus faecalis MS (2019); Acinetobacter sp panresistente e Klebsiela pneumoniae ESBL (2020); Acinetobacter sp panresistente e Klebsiela pneumoniae carbapenemase (KPC) (2021), além de Acinetobacter sp panresistente e Klebsiela pneumoniae ESBL (2022 e 2023). Conclusão: Os dados apontam para aumento da taxa de IRAS durante os anos da pandemia, com mudança no cenário microbiológico, com predominância de bactérias multidrogarresistentes. Nota-se que após a pandemia há melhor gerenciamento no uso de dispositivos invasivos, porém ainda com desafio de melhor controle das DI de infecções relacionadas a dispositivos invasivos.