Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

QUANDO A ANTICOAGULAÇÃO É NECESSÁRIA DIANTE DE UM PACIENTE COM CÂNCER QUE DESENVOLVE TROMBOSE AGUDA E TROMBOCITOPENIA

  • TC Rezende,
  • GLS Cordeiro,
  • LF Alves,
  • MBS Nascimento,
  • ACA Oliveira,
  • LLR Matos,
  • VTR Matos,
  • LM Tôrres,
  • CDS Porto,
  • LKA Rocha

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S609 – S610

Abstract

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Introdução/objetivos: Pacientes com câncer apresentam mais chances de sofrer um evento trombótico do que a população em geral, sendo o tromboembolismo a segunda maior causa de morte dos pacientes com câncer. Por outro lado, a trombocitopenia apresenta alta incidência durante o combate ao câncer, seja pela doença em si, seja pelo tratamento. Portanto, não é raro que haja concomitância entre os dois quadros, fazendo com que o manejo clínico se torne desafiador. Materiais e métodos: Foi realizada uma revisão de literatura sobre o tema utilizando a base de dados PUBMED a partir de 2020. Foram utilizados os descritores: Cancer AND Thrombocytopenia AND Thromboembolism OR Venous thromboembolism. A busca resultou em 172 artigos. Foram excluídos relatos de caso e séries de casos. Foram escolhidos e analisados 14 documentos por apresentarem o tema de forma mais abrangente, porém objetiva, dentre os quais estão artigos originais, revisões sistemáticas e estudos prospectivos. Resultados: Os estudos buscaram avaliar o risco e benefício da utilização da heparina de baixo peso molecular (HBPM) em doses variadas a depender da contagem de plaquetas e do quadro desenvolvido pelo paciente. Em alguns trabalhos, desenvolveu-se pesquisa quanto a eficácia da transfusão plaquetária para garantia de uma anticoagulação mais segura. Discussão: Os primeiros trinta dias de tratamento representam o período de maior risco tromboembólico ao paciente. Neste momento, é importante aplicar a dose completa de antigoagulante naqueles pacientes cuja contagem de plaquetas seja superior a 50.000 μL. O grupo de pacientes com nível de plaquetas entre 25.000 μL e 50.000 μL apresenta uma maior variabilidade em relação as possibilidades de tratamento e em relação aos resultados obtidos. De maneira geral, em eventos trombóticos de maior risco, como o tromboembolismo pulmonar ou a trombose venosa profunda proximal, é recomendável utilizar a dose plena de HBPM associada à utilização de transfusão de plaquetas para manter a contagem acima de 50.000 μL. Já nos eventos trombóticos de menor risco, como aqueles em extremidade distal inferior ou relacionados ao uso de cateter, é aconselhável haver uma redução da dose terapêutica do anticoagulante. Naqueles pacientes com nível plaquetário inferior à 25.000 μL, é aconselhável a suspenção da anticoagulação até ser obtido e mantido um nível satisfatório de contagem plaquetária. Por outro lado, para os pacientes com alto risco de sangramento (aqueles com contagem plaquetária inferior à 10.000 μL), mesmo sem evidências de sangramento ativo, a melhor alternativa parece ser a observação clínica sem o emprego de anticoagulantes. Conclusão: Não existe conduta unânime em relação ao uso de anticoagulantes para os pacientes em tratamento para câncer que estejam apresentando evento trombótico agudo em vigência de plaquetopenia. Portanto, há necessidade de realização de estudos mais rígidos para consolidar o manejo terapêutico frente a cada situação clínica, considerando os riscos e benefícios.