Homa Publica (Jan 2018)
Colonialismo e governo empresarial no Sul Global
Abstract
Ao remontar às raízes que interligam os territórios latino-americanos, sobretudo o brasileiro, às lógicas operativas do capitalismo transnacional, nos aliamos a tese de Quijano, segundo a qual, a globalização em curso é, em primeiro lugar, a culminação de um processo que começou com a constituição da América e do capitalismo colonial/moderno e eurocentrado como um novo padrão de poder mundial. Nesse cenário, com o avanço do neoliberalismo e as grandes ondas de privatização, as corporações transnacionais se tornam uma das mais poderosas instituições do nosso tempo, com o apoio estratégico dos Estados. Um “mercado mundial” formado por um entrelaçamento de coalizões de entidades públicas e privadas promovem diferentes interesses de poderes estatais e econômicos, consolidando um “governo empresarial”, que exerce papel central na exploração e transferência das riquezas do Sul global para o Norte. Paralelamente a este processo, violações de direitos humanos causadas por estas empresas passam a ser cada vez mais contestados pela sociedade civil e por fóruns internacionais, objetivando romper com que vem sido chamado de “arquitetura da impunidade”, a partir da imposição de termos como governança e autorregulação. A partir de pesquisa bibliográfica, este artigo pretende analisar como operam as lógicas coloniais de normatização da atuação dessas empresas no Sul Global.