Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

ESTUDO MULTICÊNTRICO DO USO DE ANTIMICROBIANOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DE ADULTOS NO BRASIL

  • Luiz Gustavo Machado,
  • Daiane Silva Resende,
  • Paola Amaral de Campos,
  • Melina Lorraine Ferreira,
  • Iara Rossi,
  • Iolanda Alves Braga,
  • Caio Augusto Martins Aires,
  • Alexandre Marcio Boschiroli,
  • Maria Tereza Freitas Tenório,
  • Maria Maryllya Ferreira Francisco,
  • Raniella Ramos de Lima,
  • Paulo Pinto Gontijo-Filho,
  • Rosineide Marques Ribas

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102002

Abstract

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Introdução/Objetivo: Com o passar dos anos, tornou-se alarmante o uso excessivo e inapropriado de antimicrobianos no ambiente hospitalar, particularmente em países de baixa e média renda como o Brasil. O estudo teve como objetivos investigar as práticas de prescrição de antimicrobianos em pacientes hospitalizados em 58 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de adultos brasileiras, de hospitais terciários e não terciários. Métodos: Foi realizado estudo multicêntrico através de inquéritos de prevalência pontual em 58 UTIs localizadas nas cinco regiões do Brasil: 6 UTIs no Norte, 10 no Nordeste, 2 no Centro-Oeste, 39 no Sudeste e 1 no Sul. Os hospitais coparticipantes foram selecionados de forma aleatória. As instituições foram organizadas de acordo com o tipo (hospital universitário ou não universitário) e porte ( 400 leitos). Foram consideradas todas as prescrições de antimicrobianos administradas em pacientes internados no dia da coleta de dados e sua finalidade (terapêutica ou profilática). Resultados: Foram incluídos 664 pacientes no estudo, dos quais 70,3% faziam uso de pelo menos um antimicrobiano, 46,0% recebiam tratamento direcionado para IRAS e apenas 38,5% dos casos baseavam-se em critérios microbiológicos. A prevalência de IRAS variou entre 32,1% e 83,3% e o uso de antibióticos entre 53,1% e 83,3%. Hospitais de ensino com > 400 leitos e aqueles com tamanho de 201-400 leitos tiveram as taxas mais altas de uso de antibióticos com 75,0% e 70,2%, respectivamente, já o tratamento empírico foi mais frequente em hospitais com < 200 leitos (75,6%) e que não eram de ensino (72,6%). Em geral, o tratamento foi mais comumente direcionado para pneumonia (47,5%) e infecções da corrente sanguínea (33,1%). Glicopeptídeos (43,1%) e Polimixinas (39,0%) foram mais frequentes em Hospitais Universitários, β-Lactâmicos em combinação com um inibidor (75,2%), cefalosporinas de amplo espectro (70,0%) e carbapenêmicos (68,1%) em Hospitais não Universitários. Conclusão: Nosso estudo fornece dados alarmantes sobre o consumo de antibióticos em UTIs de adultos brasileiras, onde infelizmente grande parte dos pacientes são submetidos a tratamento empírico e com isso possivelmente sua adequação deve ser rara devido à ausência de critérios microbiológicos. Esses resultados devem encorajar uma reavaliação do uso de antimicrobianos nos hospitais do país. Apoio: FAPEMIG/PPSUS, CNPq, CAPES.