Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Mar 2006)
Perfil sorológico para toxoplasmose em gestantes de um hospital público de Porto Alegre Serologic profile of toxoplasmosis in pregnant women from a public hospital in Porto Alegre
Abstract
OBJETIVO: descrever e analisar os resultados da sorologia convencional para toxoplasmose em gestantes acompanhadas pelo pré-natal do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas em Porto Alegre. MÉTODOS: IgG e IgM específicas foram processadas por testes fluorométricos, sendo a IgM de captura. Nova coleta em duas a três semanas foi solicitada às gestantes IgM positivas e as que estavam no início da gestação tiveram realizada a avidez de IgG. IgM neonatal foi obtida nos partos realizados na instituição. A análise foi baseada na distribuição binomial, por meio do cálculo de uma proporção simples para estimar a prevalência de soropositividade e suscetibilidade à infecção pelo Toxoplasma gondii. RESULTADOS: a prevalência da infecção em 10.468 gestantes foi de 61,1 e 38,7% das gestantes eram suscetíveis. Entre as 272 gestantes IgG e IgM positivas, 87 retornaram para nova coleta e em 84 os níveis de anticorpos permaneceram inalterados. De nove gestantes com avidez, houve apenas uma gestante com avidez baixa e a IgM neonatal do recém-nascido foi positiva. Em 44 recém-nascidos na instituição, a IgM neonatal foi positiva em quatro. CONCLUSÕES: encontrou-se alta prevalência da infecção em gestantes e de toxoplasmose congênita, mesmo sem dados sobre soroconversão. A maioria das sorologias IgM positivas foi relacionada a infecção passada. A relação custo-benefício do pré-natal em amostras isoladas pode ser otimizada com a análise do risco de transmissão materno-fetal nas gestantes IgM positivas. Quando houver risco, deve-se solicitar teste de IgM do recém-nascido e acompanhá-lo durante o primeiro ano de vida.PURPOSE: to describe and analyze the results of conventional serology for toxoplasmosis in pregnant women during prenatal care at the Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas in Porto Alegre. METHODS: specific IgG and IgM determinations were performed using fluorometric tests, with IgM capture. A second sample within two to three weeks was requested from all IgM-positive pregnant women and IgG avidity was performed in IgM-positive pregnant women at the beginning of pregnancy. Neonatal IgM was obtained when the delivery occurred at the institution. The analysis was based on the binomial distribution, through simple ratio estimate, to assess soropositivity prevalence and susceptibility to T. gondi infection. RESULTS: the prevalence of infection in 10,468 pregnant women was 61.1% and 38.7% pregnant women were susceptible. Among the 272 IgG and IgM-positive pregnant women, 87 returned for a second test and in 84 of them the antibody levels remained unchanged. Of nine pregnant women with avidity, there was only one low avidity and her newborn was IgM positive. In 44 newborns delivered at the institution, the neonatal IgM was positive in four. CONCLUSIONS: a high prevalence of infection and congenital toxoplasmosis was found in pregnant women, even without data on seroconversion. Most of the IgM-positive serologies were related to past infection. The cost-benefit ratio of prenatal care in isolated samples may be optimized analyzing the risk of mother-to-child transmission in IgM-positive pregnant women. When there is a risk, a neonatal IgM test must be requested and the newborn should be followed during the first year of life.
Keywords