Revista de Saúde Pública (Feb 1997)

Perfil da automedicação no Brasil Aspects of self-medication in Brazil

  • Paulo Sérgio D. Arrais,
  • Helena Lutéscia L. Coelho,
  • Maria do Carmo D. S. Batista,
  • Marisa L. Carvalho,
  • Roberto E. Righi,
  • Josep Maria Arnau

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000100010
Journal volume & issue
Vol. 31, no. 1
pp. 71 – 77

Abstract

Read online

INTRODUÇÃO: Os dados apresentados fazem parte de um estudo multicêntrico sobre automedicação na América Latina realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Objetivou-se traçar um perfil da automedicação através da análise da procura de medicamentos em farmácias sem prescrição médica ou aconselhamento do farmacêutico/balconista. MATERIAL E MÉTODO: As especialidades farmacêuticas foram classificadas pelo código "Anatomical Therapeutical Classification" e analisadas sob quatro aspectos qualitativos: valor intrínseco, essencialidade (lista da OMS e Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), combinação em dose fixa e necessidade de prescrição médica. RESULTADOS: Foram solicitadas 5.332 especialidades farmacêuticas (785 diferentes princípios ativos), sendo 49,5% combinações em dose fixas, 53,0% de valor intrínseco não elevado, 44,1% sujeitos a prescrição médica, 71,0% não essenciais e 40,0% baseados em prescrições médicas anteriores. Os medicamentos mais solicitados foram analgésicos (17,3%), descongestionantes nasais (7,0%), antiinflamatório/antireumático e antiinfecciosos de uso sistêmico, ambos com 5,6%. CONCLUSÕES: Os dados sugerem que a automedicação no Brasil reflete as carências e hábitos da população, é consideravelmente influenciada pela prescrição médica e tem a sua qualidade prejudicada pela baixa seletividade do mercado farmacêutico.INTRODUCTION: The data presented are part of a World Health Organization (WHO) multicenter study of self-medication in Latin America. Brazilian sites included: Belo Horizonte, Fortaleza, the city of S. Paulo and outlying locations. The objective was to characterize self-medication practices by analyzing drugs sought by consumers in pharmacies without a physician's prescription. MATERIAL AND METHOD: Drugs were classified according to the Anatomic Therapeutic Classification codes, and analyzed with respect to 1) intrinsic value; 2) recognition as an essential drug (by either WHO or Brazil); 3) number of active ingredients; and 4) requirement for prescription. RESULTS: Five thousand, three hundred and thirty-two (5,332) different drugs, with 785 distinct active ingredients were sought. Of these, 49.5% were fixed dose combinations, 53.0% were of little intrinsic value, 44,1% required a physician's prescription, 71.0% were not essential drugs, and 40.0% of requests were based on prior prescriptions from the physician. The drugs most requested were analgesics (17.3%), nasal descongestants (7.0%), antirheumatic anti-inflamatory drugs (5.6%), and systemic anti-infective drugs (5.6%). CONCLUSIONS: Self-medication in Brazil reflects the needs and habits of the population. It is strongly influenced by physician's-prescribing habits and by the inadequate selectivity of the Brazilian pharmaceutical market.

Keywords