Princípios (Sep 2018)

Trágica, não absurda

  • Adriano Correia

DOI
https://doi.org/10.21680/1983-2109.2018v25n48ID14298
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 48
pp. 157 – 170

Abstract

Read online

Um dos movimentos centrais de A condição humana, de Hannah Arendt, é a análise das características fundamentais da atividade da ação, notadamente sua capacidade de estabelecer novos inícios em uma teia de relações humanas. É decisivo para Arendt destacar a articulação estreita entre ação e liberdade e entre liberdade e pluralidade. Em vista disto, ela sustenta que a liberdade só pode se dar em condições de não-soberania. Não obstante, julga que no âmbito da ação podem ser encontrados os remédios para suas fragilidades: a irreversibilidade, a imprevisibilidade, a ilimitabilidade e a ambiguidade, remediadas pelo perdão, pela promessa, pelo “agir em concerto” e pelo intercâmbio de perspectivas em um mundo comum. Na compreensão da ação é decisivo perceber que as fontes de sua dignidade são as mesmas da sua fragilidade e que a reconciliação com o aspecto trágico de sua não-soberania se dá pelas potencialidades da própria ação.

Keywords