Viso (Dec 2020)

Para além das utopias: Rancière e as imagens heterotópicas

  • Daniela Cunha Blanco

DOI
https://doi.org/10.22409/1981-4062/v27i/362
Journal volume & issue
Vol. 14, no. 27
pp. 92 – 127

Abstract

Read online

Partindo da análise de algumas imagens da arte contemporânea pretendemos dar a ver a impossibilidade do pensamento das relações entre arte e política sob a categoria de utopia e, com isso, propor que a concepção de partilha do sensível, de Jacques Rancière, daria mais conta de pensar as capacidades de resistência da arte. Pretendemos pensar o poder disruptivo da arte a partir da noção de heterotopia, tal qual pensada por Michel Foucault; termo ao qual Rancière remete-se em sua crítica à noção de utopia, sem aprofundá-lo. Em oposição ao que denominamos de imagens utópicas, procuraremos construir a figura de uma imagem heterotópica, na qual não se trata de pensar um engajamento político no sentido de desvelar a verdade aos espectadores, mas, antes, de operar pequenos desvios e fendas na ordenação comum das coisas. Trata-se de ver pequenos lampejos, fugazes e frágeis, tais quais aqueles pensados por Georges Didi-Huberman, cujo pensamento da persistência do olhar será apresentado em diálogo com Rancière.

Keywords