Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

IDENTIFICAÇÃO DE INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA DE LEISHMANIA L. INFANTUM POR SOROLOGIA EM PACIENTES POLITRANSFUNDIDOS E CONTROLES DE ÁREA ENDÊMICA PARA LEISHMANIOSE VISCERAL

  • LQ Pereira,
  • SCSV Tanaka,
  • MM Ferreira-Silva,
  • MP Santana,
  • FVBAF Gomes,
  • PR Aguiar,
  • VR Junior,
  • APSM Fernandes,
  • FB Vito,
  • H Moraes-Souza

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S356 – S357

Abstract

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Objetivo: Avaliar a concordância entre diferentes testes sorológicos para identificação de infecção assintomática por Leishmania L. infantum em pacientes politransfundidos e controles de região endêmica para leishmaniose visceral. Material e métodos: Foram avaliados 338 indivíduos, onde 191 eram pacientes politransfundidos que receberam quatro ou mais unidades de hemocomponentes (PP); e 147 controles não transfundidos (CNT), todos de regiões endêmicas para leishmaniose visceral (Montes Claros-MG; Teresina-PI; Fortaleza, Crato e Sobral-CE) com o mesmo perfil epidemiológico. A detecção de anticorpos IgG contra Leishmania L. infantum foi realizada por dois métodos sorológicos. Primeiro, por um teste comercial de ELISA (BIOLISA LEISHMANIOSE VISCERAL®- Bioclin, Belo Horizonte, Brasil) de acordo com as recomendações do fabricante. Segundo, por um método de ELISA in house, no qual a proteína alvo foi a rK39 (Laboratório CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte-MG). O nível de concordância entre os testes foi avaliado através do coeficiente de kappa. Resultados: Em 338 amostras analisadas, obtivemos 21 positivos no teste de ELISA comercial (15 em PP e 6 em CNT), enquanto para o teste de ELISA in house foram encontrados 16 positivos (14 em PP e 2 em CNT). As amostras negativas foram 317 e 322 no teste de ELISA comercial e ELISA in house, respectivamente. Ademais, quando calculado a concordância entre as duas técnicas obtivemos o valor de 0,0148. Discussão: Em geral, os testes sorológicos são amplamente utilizados para o diagnóstico de doenças infecciosas e em estudos epidemiológicos de prevalência. Aqui obtivemos uma maior positividade no grupo de PP, onde a metodologia de ELISA comercial foi capaz de detectar mais positivos. Isso pode ser explicado pelo fato da proteína alvo neste teste ser proveniente de Leishmania L. infantum, sendo esta portanto, a mais prevalente no Brasil ao ocasionar leishmaniose visceral, enquanto a proteína alvo no teste in house foi a rK39, mais recorrente na Leishmania L. donovani. Verificamos um nível de concordância fraco entre as duas técnicas, onde os dados encontrados são condizentes com a literatura, uma vez que tem sido observado baixa concordância nos testes laboratoriais disponíveis para o diagnóstico de infecção assintomática de leishmaniose visceral. Conclusão: Com os resultados obtidos, identificamos presença de Leishmania L. infantum em indivíduos assintomáticos de áreas endêmicas para leishmaniose visceral, maior positividade no grupo de PP pelo teste comercial e uma baixa concordância entre as técnicas utilizadas. Desse modo, ressaltamos ser importante o desenvolvimento de testes com boa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de infecção assintomática para leishmaniose visceral.