Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

TUMEFAÇÃO EM OROFARINGE DIAGNOSTICADA COMO RECIDIVA DO LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO: RELATO DE CASO

  • RB Espinhosa,
  • GR Santos,
  • MAS Pereira,
  • JCC Xavier-Júnior,
  • GI Miyahara,
  • DG Bernabé,
  • MS Urazaki,
  • GM Cortopassi,
  • VB Valente

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1156 – S1157

Abstract

Read online

O linfoma de células do manto (LCM) é uma neoplasia maligna caracterizada pela proliferação de células B maduras na medula óssea, tecidos linfóides e/ou em sítios extranodais. O LCM representa apenas 2-10% de todos os linfomas não-Hodgkin e é frequentemente diagnosticado em homens idosos. Geralmente os pacientes desenvolvem linfadenopatias como principal sinal da doença. No entanto, também pode ocorrer perda de peso, febre persistente, sudorese noturna, fraqueza e hepatoesplenomegalia. Este relatório apresenta o caso de um paciente diagnosticado com recidiva do LCM no Ambulatório do Centro Tratamento Oncológico (CTO/Sta. Casa de Araçatuba) pela equipe do nosso projeto de extensão universitária em onco-hematologia (nº2023/09, PROEC-UNESP, COB/FOA-UNESP). Homem branco, com 64 anos de idade, foi encaminhado para avaliação de uma extensa lesão em orofaringe com três meses de evolução. Durante a anamnese relatou ser ex-fumante e ex-alcoolista. Em seu histórico médico, o paciente apresentou LCM (estágio IIB) com manifestação da doença em nasofaringe há quatro anos e foi submetido à quimioterapia convencional para controle. O paciente obteve a remissão completa do LCM após tratamento e foi mantido em monitoramento oncológico. Na entrevista, queixou-se de cansaço ao menor esforço, lacrimejamento no olho esquerdo e perda auditiva do ouvido esquerdo. O exame físico intrabucal revelou uma tumefação com coloração arroxeada no palato mole à esquerda. A lesão apresentava consistência fibroelástica e estendia-se inferiormente para o arco palatoglosso. Com a hipótese de recidiva do LCM, foi realizada a biópsia incisional da lesão em orofaringe. O exame anatomopatológico revelou infiltrado de células linfóides com núcleo apresentando endentações e nucléolo excêntrico. As reações imunohistoquímicas foram negativas para CD3 (policlonal) e positivas para CD20 (clone: L26), Ciclina D1 (clone: EP12), CD5 (clone: 4C7) e Ki-67 (clone: MIB-1). Estes resultados levaram ao diagnóstico da variante pleomórfica do LCM. Assim, a Tomografia por Emissão de Pósitrons associada à Tomografia Computadorizada (PET/CT) foi solicitada para avaliação da extensão da doença. Os achados mostraram imagens com densidades de partes moles na região palatina esquerda medindo 5,66 × 4,00 cm em seus maiores eixos estendendo-se superiormente à base da língua e medialmente ao espaço nasofaríngeo. Linfadenopatias cervicais foram observadas nas cadeias cervicais IIA, III e IV à esquerda. Todos os achados foram compatíveis com a doença linfoproliferativa em atividade. Após o diagnóstico, o paciente foi submetido à quimioterapia seguida de radioterapia local para o tratamento da lesão palatina. O PET/CT revelou a regressão completa da lesão em orofaringe e também demonstrou remissão das linfadenopatias cervicais. O paciente recuperou a capacidade auditiva e relatou interrupção do lacrimejamento do olho esquerdo. Atualmente, segue em monitoramento pelas equipes interdisciplinares do COB e do CTO.