Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

O PAPEL DO FENÓTIPO LEWIS NA CLASSIFICAÇÃO DO STATUS SECRETOR EM DOADORES DE SANGUE

  • RDS Barros,
  • SR Folco,
  • SC Sales,
  • JSR Oliveira,
  • ST Alves

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S852 – S853

Abstract

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Introdução: Os glicoconjugados ABH-Lewis são regulados por enzimas codificadas pelos genes FUT1, FUT2, FUT3 e ABO , fundamentais para determinar a presença de antígenos eritrocitários e o status secretor. Indivíduos com alelos funcionais do gene FUT1 produzem a enzima FUTI, que converte o oligossacarídeo precursor em antígeno H tipo 2, essencial para a formação dos antígenos A e B nas hemácias. O gene FUT2 codifica a enzima FUT2, formando a substância H tipo 1, substrato para a conversão em substância A ou B pelo gene ABO nos fluidos corporais, essa interação determina o status secretor do indivíduo. A expressão dos antígenos Lewis depende da interação entre os genes FUT2 e FUT3 , resultando nos fenótipos eritrocitários do sistema Lewis: Le(a-b+), Le(a+b-) e Le(a-b-). Indivíduos com status secretor são classificados como Le(a-b+), enquanto não secretores são Le(a+b-). Portanto, é possível identificar o status secretor sem recorrer à genotipagem, exceto para Le(a-b-), que pode ser tanto secretor ou não secretor. Objetivo: O presente estudo investigou a frequência dos fenótipos Lewis e sua relação com o status secretor em doadores de sangue atendidos no Banco de Sangue do HSM, entre os anos de 2013 a 2023. Material e métodos: O fenótipo Lewis foi identificado utilizando o método de gel-centrifugação com o uso de antissoros específicos. Os resultados foram registrados, classificados e realizada a análise dos dados. Resultados: Foram analisados os resultados de 16.333 doadores de sangue. Dentre esses, 10.818 (66%) apresentaram o status de provável secretor e 2.276 (14%) exibiram o perfil de provável não secretor. Verificamos que o fenótipo Le(a-b-) foi observado em 3.080 (19%), enquanto o perfil Le(a+b+) estava presente em 159 (1%) dos indivíduos. Discussão: : A frequência dos fenótipos Lewis varia entre diferentes etnias. Populações de ascendência europeia tendem a ter alta frequência do fenótipo Le(a-b+) (≅75%), enquanto é menor em asiáticos (≅42%) e africanos (≅61%). O fenótipo Le(a+b-) é raro em europeus (≅2%), em contraste, entre os asiáticos chega a ≅16%. Já o fenótipo Le(a-b-) é mais frequente entre os africanos (≅19%), e menor em europeus (≅8%) e asiáticos (≅7%). O fenótipo Le(a+b+) é considerado raro globalmente, mas estudos demonstram que esse perfil é comum em povos polinésios (≅40%) e menor em chineses (≅5%). A população brasileira é conhecida por sua diversidade étnica, resultando em uma mistura cultural e genética. No Brasil, os trabalhos se concentram na correlação entre o status secretor e certas patologias. Por exemplo, indivíduos não secretores são mais suscetíveis a certas infecções, devido à falta de antígenos na superfície das células e nas secreções. Além disso, estudos demonstram que a expressão alterada de substancias ABH-Lewis foi encontrada em carcinomas, como no câncer gástrico. Conclusão: : Embora este estudo não tenha analisado a etnia dos doadores ou a genotipagem para FUT2 e FUT3 , os resultados descrevem como estão distribuídos os fenótipos do sistema Lewis e sua relação com o status secretor, demonstrando que a maioria dos doadores são secretores. Não correlacionamos os fenótipos Lewis com patologias, no entanto, os resultados destacam a relevância de considerar esses fenótipos e o status secretor não apenas na doação de sangue, mas também na compreensão das condições clínicas. Em suma, a inter-relação entre os genes FUT e ABO na determinação dos fenótipos sanguíneos e a expressão de antígenos Lewis destaca o potencial desses marcadores para melhorar a compreensão e a sua correlação com certas doenças. Trabalhos futuros são importantes para verificar a etnia dos doadores analisados, principalmente para o fenótipo Le(a+b+) que apresentou porcentagem 1% em nossa população de doadores e é considerado raro em outras populações.