Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

INFECÇÃO BUCAL POR VÍRUS EPSTEIN-BARR EM PACIENTE ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO EM TRATAMENTO PARA LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA: RELATO DE CASO

  • AAL Junior,
  • MF Corrêa,
  • VT Neto,
  • FL Coracin,
  • BF Baglioli,
  • AF Oliveira,
  • R Balceiro,
  • LF Lopes,
  • LJ Neves,
  • KSM Macari

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S289 – S290

Abstract

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Introdução: As leucemias são neoplasias das células precursoras linfo-hematopoiética cuja característica principal é a presença de blastos, sendo a Leucemia Linfoide Aguda (LLA) a neoplasia maligna mais frequente na infância. Aproximadamente 70% dos pacientes com câncer farão uso da quimioterapia durante o tratamento e, destes, 40% desenvolverão complicações bucais. Os pacientes oncohematológicos geralmente apresentam alterações orais em consequência da intensa imunossupressão em consequência do tratamento. Dentre as manifestações bucais frequentes encontradas nos pacientes oncológicos estão as infecções oportunistas, como as infecções fúngicas e herpéticas. Objetivo: Relatar um caso de paciente pediátrico que apresentou manifestações bucais infecciosas causadas pelo vírus Epstein-Barr (EBV). Caso clínico: Paciente do sexo feminino, 8 anos de idade, portadora de LLA pré pré B, em tratamento com o protocolo RELLA na fase de manuntenção e neutropênica, compareceu ao serviço solicitando avaliação odontológica por lesão em boca. Ao exame físico, apresentava lesão ulcerada em região de papila incisiva com cerca de 4 mm de extensão, com sintomatologia dolorosa, e papilas eritematosas e edemaciadas. A hipótese diagnóstica foi de infecção herpética, sendo prescrito Aciclovir oral por 7 dias, além de analgésicos para controle de dor, porém houve progressão da lesão, evoluindo para papilas inferiores e com aspecto necrótico em região de papila incisiva. Associou-se Metronidazol e Terapia Fotodinâmica Antimicrobiana com laser de baixa potência, utilizando luz vermelha visível e agente fotossensibilizador Azul de Metileno à 0,01%; e optou-se por coletar material microbiológico da lesão e enviar para análise por PCR. O resultado concluiu que a amostra foi positiva para EBV, já em fase de regressão das lesões. Discussão: Essas alterações podem ser graves e interferir nos resultados da terapêutica médica, levando a complicações sistêmicas importantes, que podem aumentar o tempo de internação hospitalar e os custos do tratamento, afetando diretamente a qualidade de vida desses pacientes. Variáveis relacionadas à terapia, como o tipo de droga, a dose, a imunossupressão e frequência do tratamento, juntamente com variáveis relacionadas ao paciente como a idade, o diagnóstico e o nível de higiene bucal antes e depois do tratamento, afetam a frequência com que os pacientes oncológicos apresentam problemas bucais. Conclusão: O conhecimento e a presença do cirurgião dentista, presente na equipe multidisciplinar oncopediátrica, é desejável para o diagnóstico e manejo das possíveis manifestações ou complicações bucais das doenças oncohematológicas.