Revista Subjetividades (Dec 2018)

A Depressão como Posição Subjetiva: Contribuições Lacanianas

  • Alberto Antunes Medeiros,
  • Roberto Calazans

DOI
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i2.7264
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 2
pp. 80 – 92

Abstract

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A depressão é atualmente um dos assuntos mais difundidos na sociedade. Trata-se de um quadro clínico que acomete milhões de pessoas no mundo inteiro todos os anos e seu diagnóstico é cada vez mais frequente. Nessa perspectiva, ela é tratada como um problema do campo médico e sua etiologia estaria associada à uma desordem neuroquímica. A psicanálise propõe outra alternativa que vai além da perspectiva biomédica. Nesse sentido, nos amparamos no ensino de Lacan e realizamos uma articulação precisa entre a tristeza e o desejo. Dessa maneira os estados depressivos seriam na verdade uma consequência da desorientação do sujeito em relação ao seu desejo. Essa direção se mostra precisa, pois nos fornece elementos para pensarmos o diagnóstico diferencial de melancolia e os estados depressivos que se apresentam sob esse quadro. Trata-se de uma situação em que ocorre o apagamento do desejo do sujeito em função da sua identificação com o objeto perdido. Essa perspectiva também nos permite pensar a depressão neurótica e situá-la como um recuo do sujeito diante do seu desejo que é suscitado pelo Outro. Por fim, a psicanálise nos mostra que a depressão enquanto entidade clínica não existe. Nessas coordenadas, os estados depressivos traduzem sempre uma posição do sujeito diante do objeto, que deve sempre ser analisada a partir da lógica pulsional.

Keywords