Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO DOS CASOS DE CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL MULTIBACILAR E ÓBITOS POR HANSENÍASE NO BRASIL ENTRE 2013 E 2022: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Abstract
Introdução/objetivo: A hanseníase é um problema de saúde pública significativo no Brasil, devido ao seu poder incapacitante e estigma associado,sua forma multibacilar é a principal forma infectante, responsável pela manutenção da cadeia de transmissão. Apesar dos avanços, principalmente com a Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase proposta pelo Ministério da Saúde, para aumentar a detecção de casos, vigilância e prevenir incapacidades, o país ainda possui uma das maiores cargas da doença globalmente e poucos estudos de correlação dos dados epidemiológicos. Dessa forma, esse trabalho buscou analisar a correlação entre os casos de hanseníase multibacilar e os óbitos pela doença no Brasil. Métodos: Foi conduzido um estudo ecológico utilizando séries temporais para analisar os casos, a classificação operacional e os óbitos relacionados à hanseníase no período de 2013 a 2022. Os dados secundários utilizados foram obtidos a partir do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/DATASUS). Resultados: Para avaliar a classificação operacional de casos multibacilares da hanseníase e sua associação com os óbitos relacionados à doença no Brasil, foram comparados os registros de casos multibacilares de hanseníase e os óbitos ocorridos entre 2013 e 2022. Foi realizada uma análise de correlação de Spearman entre essas variáveis, cujos resultados revelaram uma correlação moderada, porém sem significância estatística, entre os casos multibacilares de hanseníase e os óbitos associados à doença durante o período analisado (p = 0,073). Conclusão: De acordo com os resultados, este estudo apresenta uma correlação moderada, porém não significativa estatisticamente, entre os casos multibacilares de hanseníase e os óbitos associados à doença durante o período analisado, supõe-se que, apesar do maior número e extensão das lesões, estes não são significativos para elevar a mortalidade da doença. Destaca-se a importância de estudos mais aprofundados e abrangentes para entender melhor os fatores que contribuem para a persistência da doença e direcionar intervenções mais eficazes.
