e-Hum: Revista das Áreas de Humanidade do Centro Universitário de Belo Horizonte (Sep 2020)
ENTRE O NATURAL E O ARTIFICIAL: VISUALIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO NO SÉCULO XVI. DOSSIÊ: A História da Arte e a construção da fantasia no mundo barroco.
Abstract
eoi/doi Deposit-Electronic Object Identifier http://eoi.citefactor.org/10.11248/ehum.v13i1.3089 Between the Natural and the Artificial: Visualization and Representation in the 16th Century Resumo: Recentes estudos em história da ciência têm apresentado indícios de que é impossível estabelecer uma clara distinção entre estudos de óptica e de perspectiva linear quando nos referimos aos séculos XVI e XVII. Embora a perspectiva linear lidasse com a representação geométrica do espaço numa superfície bidimensional, estava, entretanto, estreitamente ligada a questões relativas à natureza da visão humana. Devemos considerar que, naquela época, o termo perspectiva era a tradução latina da palavra grega optikè, denotando a visão direta e distinta que, para os gregos, revelava as coisas. Seu significado coexistiu com outros que designavam a técnica pictórica e, para distingui-los, era comum opor a perspectiva “comum” ou “natural” à perspectiva artificialis dos pintores. Essas diferentes expressões de perspetiva relacionaram-se de diferentes maneiras, cobrindo um largo espectro de possibilidades. Contudo, à medida em que se encerrou o século XVI, essas duas expressões de conhecimento passaram, gradativamente, a se referir a diferentes disciplinas. Parte desse processo esteve ligado às novas práticas matemáticas em que a óptica, a geometria e as artes buscaram redefinir seus campos de investigação, considerando questões de ordem teórica ligadas à visualização e à representação do espaço. Neste artigo, apresentamos alguns aspectos da estreita conexão entre perspectiva naturalis e artificialis, tendo por base um conjunto de documentos relativos à óptica e à perspectiva linear publicado nos séculos XVI e XVII. Palavras-chave: História da Ciência; Óptica; Perspectiva. Abstract: Current studies in history of science have shown evidences for the impossibility of drawing a clear distinction between optical studies and linear perspective in the sixteenth and seventeenth centuries. Although linear perspective dealt then with the geometrical representation of space in a two dimensional surface, it was closely related to issues concerning the nature of human vision. One should take into consideration that, at that time, the term perspectiva was the Latin translation of Greek word optikè, meaning direct and distinct vision which revealed things according to the Greeks. This meaning of perspectiva coexisted with other ones which were used to designate the pictorial technique and, in order to distinguish both of them, it was common to establish an opposition between “common” or “natural” perspective to perspectiva artificialis of painters. These two different expressions were related in different ways, covering a broad spectrum of possibilities. However, as sixteenth century ended, these two expressions of knowledge turned gradually into different disciplines. Part of this process was related to new mathematical practices in which optics, geometry and the arts began to redefine their research fields, taking into account theoretical issues concerned visualization and representation of space. Regarding this, this paper presents some aspects of the close connection between perspectiva naturalis and artificialis, based on a set of documents concerning optical and linear perspective published in the sixteenth and seventeenth centuries. Keywords: History of Science; Optics, Perspective. Recebido em: 09/07/2020 – Aceito em 04/08/2020