Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-266 - CASO DE HEPATITE AGUDA PELO VÍRUS DA HEPATITE E EM SÃO PAULO: O PAPEL DA CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA VIRAL NO ESTABELECIMENTO DA PROVÁVEL FONTE DE INFECÇÃO

  • Leidiane Barbosa Ribeiro,
  • Ana Catharina dos Santos Seixas Nastri,
  • Fernanda de Mello Malta,
  • Deyvid Emanuel Amgarten,
  • Luciana Vilas Boas Casadio,
  • Mario Peribanez Gonzalez,
  • Suzane Kioko Ono,
  • Maria Cássia Jacintho Mendes-Corrêa,
  • João Renato Rebello Pinho,
  • Michele Soares Gomes-Gouvêa

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104176

Abstract

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Introdução: O vírus da Hepatite E (HEV) é responsável pelo desenvolvimento da hepatite E, e sua principal via de transmissão é fecal-oral. O genótipo 3 (HEV-3), zoonótico, está globalmente distribuído, sendo o consumo de carne suína mal cozida o principal fator de risco para infecção. No Brasil, o HEV está presente em suínos e produtos derivados, havendo ainda poucos relatos de infecção em humanos, embora os estudos sorológicos apontem para uma prevalência bem maior. A ausência de triagem rotineira dificulta a compreensão dessa infecção em nosso meio fazendo-se necessária a inclusão desse agente como hipótese diagnóstica nos casos de hepatite aguda sem etiologia definida. Resultados: Paciente masculino, 67 anos, deu entrada no Hospital das Clínicas da FMUSP com quadro de hepatite aguda apresentando os seguintes sintomas: náusea, dor abdominal, urina escura e fezes claras. Os níveis de enzimas hepáticas estavam elevados (AST = 2.616 U/L; ALT = 2.654 U/L), fosfatase alcalina de 256 U/l, gama-glutamil transpeptidase de 210 U/l e bilirrubina total de 11,6 mg/dL. A tomografia de abdome apresentou fígado de dimensões um pouco aumentadas, de contornos regulares, sem evidência de lesões focais. A infecção pelos vírus das hepatites A, B ou C foi descartada por ausência de marcadores sorológicos dessas infecções. Foi realizada a pesquisa do HEV por PCR em tempo real sendo o RNA viral detectado com carga viral de 222,44 U/ul, além disso a sorologia para pesquisa de anticorpos anti-HEV IgM e IgG foi reagente. O genoma dessa cepa de HEV foi caracterizado e o genótipo classificado como 3 subtipo f (HEV-3f). Na análise filogenética essa sequência viral agrupou-se com cepas do HEV detectadas em suínos da região Nordeste do Brasil. Conclusão: No Brasil até o presente momento apenas o genótipo 3 do HEV foi identificado infectando humanos e suínos. Curiosamente, o paciente infectado pelo HEV identificado neste estudo tinha um histórico de viagem recente para a cidade de Garanhuns - Pernambuco, onde foi relatada alta soroprevalência de HEV em suínos. A estreita relação filogenética do HEV isolado do paciente com cepas suínas isoladas no referido estado, em cidades próximas de onde o paciente esteve, sugere uma possível transmissão zoonótica do HEV nesta região. O estudo da diversidade genética do HEV é de grande relevância para o entendimento das vias de transmissão predominantes em nosso meio e para a avaliação da eficácia dos métodos moleculares utilizados para diagnóstico.