Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)

ID208 Eficácia e segurança do uso da lisdexanfetamina no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em indivíduos entre 6 e 17 anos: uma revisão sistemática e meta-análise

  • Rodrigo Da Silva Almeida,
  • Cláudia Lima Vieira,
  • Charleston Ribeiro Pinto,
  • Larycia Vicente Rodrigues,
  • Vivian Cardoso De Morais Oliveira.

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2024.v9.s1.p.154
Journal volume & issue
Vol. 9, no. s. 1

Abstract

Read online

Introdução O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica conhecida por afetar tanto crianças quanto adultos. Trata-se de uma condição genética que pode ser desencadeada pela interação heterogênea e complexa entre fatores genéticos e ambientais. No Brasil, em média, 7,6% das crianças e adolescentes com idades entre 6 e 17 anos são acometidas pela doença. O objetivo desta revisão é avaliar a eficácia e segurança da lisdexanfetamina comparado ao placebo e ao metilfenidato no tratamento do TDAH em indivíduos entre 6 e 17 anos. Métodos Foi realizada busca sistemática nas bases Pubmed, LILACS, Embase e Cochrane. As etapas de seleção de referências, extração dos dados e avaliação do risco de viés dos estudos foi realizada em dupla, de forma independente, e as divergências discutidas com um terceiro pesquisador para obtenção de consenso. O desfecho primário foi eficácia (melhora dos sintomas do TDAH medido pela escala ADHD-RS) e segurança (eventos adversos sérios). Estimou-se as diferenças médias (MDs) e os riscos relativos (RRs) com intervalo de confiança de 95% (ICs) usando meta-análise pareadas com efeitos aleatórios. Avaliamos o risco de viés dos ensaios clínicos randomizado (ECRs) individuais usando a ferramenta Cochrane RoB-2 revisada e classificamos a certeza no conjunto final da evidência de cada desfecho usando a metodologia GRADE. Este estudo está registrado no PROSPERO, número CRD42022364081. Resultados Foram incluídos seis ECRs (n = 1592) que compararam a lisdexanfetamina nas doses de 30, 50 ou 70 mg [quatro vs. placebo (n = 1157) e dois vs. metilfenidato (n = 795)]. Para os sintomas, a lisdexanfetamina foi superior ao placebo [MD: -12,92 (IC 95% -15,90, -9,93)] e ao metilfenidato [MD: -3,66 (IC 95% -7,07, -0,25)]. Com relação à segurança, em nenhum dos estudos foi identificado relato de eventos adversos sérios. Houve maior ocorrência de outros eventos adversos gerais [RR: 1,37 (IC 95% 1,23 - 1,52)] no grupo que recebeu lisdexanfetamina do que no placebo. Não houve diferença no perfil de segurança da lisdexanfetamina comparado ao metilfenidato. Discussão e conclusões O número de estudos incluídos foi limitado. Houve algumas preocupações para o risco de viés nos ECRs. A heterogeneidade entre os estudos pode ser devida as diferenças entre as idades dos participantes nos estudos. A certeza da evidência foi muito baixa a moderada para os desfechos avaliados. A lisdexanfetamina foi eficaz e segura no tratamento de crianças e adolescentes com TDAH. Os resultados desta revisão devem ser interpretados com cautela devido ao pequeno número de estudos incluídos. Além disso, nenhum dos estudos teve um baixo risco geral de viés. Novos ECRs robustos são necessários para avaliar os efeitos a longo prazo da lisdexanfetamina.

Keywords