Antíteses (Jan 2016)
A Recepção dos Códices de Nag Hammadi: Gnose e Cristianismo no Egito Romano da Antiguidade Tardia
Abstract
Os Códices de Nag Hammadi começaram a despertar o interesse dos estudiosos do cristianismo antigo e das religiões no Império Romano já alguns anos depois de sua descoberta em 1945. Esses códices, geralmente associados ao fenômeno religioso chamado de gnosticismo, são não somente uma demonstração da diversidade do cristianismo no Império Romano, mas também um exemplo peculiar da transmissão e recepção de textos cristãos na Antiguidade tardia. Se os textos que integram os códices em questão foram provavelmente compostos em grego entre os séculos II e III, nas mais diversas localidades do Império, o que se tem hoje são traduções coptas compiladas no Egito na segunda metade do séc. IV. O gosto natural pelo mais antigo e a busca pela conjuntura dita gnóstica levaram os historiadores a priorizarem o estudo do contexto original grego de composição desses textos. No entanto, nas últimas décadas, o interesse pelo contexto de compilação dos escritos em questão tem crescido consideravelmente; o presente artigo se inscreve nessa perspectiva, sugerindo uma nova abordagem que, por meio da comparação literária e da teoria da recepção, busca explicar como e porque os textos de Nag Hammadi foram compilados e lidos no Egito da Antiguidade tardia.