Convergência Lusíada (Jun 2017)
Cremações. Recensão crítica a Fogo, de Gastão Cruz (Lisboa: Assírio & Alvim, 2013)
Abstract
Fogo, de Gastão Cruz, abre com uma cena primordial – mas esse primórdio, essa ferida traumática, é também um fim. Um corpo é cremado: eis o primeiro fogo deste livro (haverá outros, tantos), que é também o último, in extremis. Abre-se, pois, um lugar paradoxal, início e despedida, dissolução da matéria que convoca o texto – como se doravante restasse apenas, perante as cinzas, a escrita. Contra o trauma, a memória; contra o fogo que consome, a lembrança de outros fogos vivos – fotografia, a luz de um palco, o desejo.