Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ANÁLISE ESPACIAL DA LETALIDADE POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL (2012-2019): UM ESTUDO ECOLÓGICO

  • Maria Clara Menezes Nocrato Prado,
  • Eliete Rodrigues da Silva,
  • Juliana Santos Teles,
  • Tássia Nayane Vieira dos Santos,
  • Íris Tarciana de Freitas Cunha,
  • Renato Brito dos Santos Júnior,
  • Guilherme Reis de Santana Santos,
  • Tatiana Rodrigues de Moura,
  • Shirley Veronica Melo Almeida Lima,
  • Allan Dantas dos Santos,
  • Caíque Jordan Nunes Ribeiro

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103508

Abstract

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Introdução/objetivo: A despeito das políticas públicas focadas na redução da incidência da leishmaniose visceral (LV), essa doença tropical negligenciada permanece um considerável problema de saúde pública. A letalidade da leishmaniose visceral no Brasil é a maior dentre os cinco países com o maior número de casos. Assim, tendo em vista a relação da vulnerabilidade social com os desfechos negativos da doença, este estudo objetiva analisar a distribuição espacial da letalidade da LV no Brasil no período 2012-2019, com o propósito de identificar as áreas de maior risco. Métodos: Estudo ecológico que empregou técnicas de análise espacial e incluiu todos os casos de LV registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre 2012 e 2019. As unidades de análise do estudo foram os 5.570 municípios brasileiros. Foram calculadas médias móveis de letalidade trianuais para distribuição das taxas. O índice de Moran global univariado foi calculado para identificar a existência de dependência espacial. A estatística LISA (local indicators of spatial autocorrelation) foi empregada para identificar os padrões espaciais da letalidade por LV. As análises foram executadas com 999 permutações de Monte Carlo, com p-valor < 0,05 e os resultados significativos foram representados em mapas de Moran. Resultados: Entre 2012-2019 foram registrados 28.621 casos de leishmaniose visceral no Brasil, sendo mais da metade notificados na região Nordeste (55,91%). Dentre esses, os desfechos fatais ocorreram em 2.787 casos, com a região Sul liderando a taxa de letalidade por LV (18,39%). A distribuição espacial das maiores taxas de letalidade foi heterogênea, porém, com maior concentração em determinadas áreas das regiões Norte, Nordeste e Sudeste. As taxas de letalidade municipais variaram de 1,5% a 100%, com maior frequência de municípios com taxas entre 1,5% a 40%. O triênio que apresentou maior cluster de alto risco para letalidade LV foi o de 2016-2018 (163 municípios). Conclusão: Apesar de esforços internacionais e nacionais para redução da letalidade por LV, esse indicador apresenta-se elevado em diversos municípios brasileiros, sobretudo nos aglomerados de alto risco identificados nesse estudo. Uma vez que a associação de desfechos fatais com baixas condições socioeconômicas é reconhecida na literatura, a vigilância epidemiológica da LV e medidas de controle devem ser direcionadas às áreas prioritárias, a fim reduzir os impactos negativos da doença.

Keywords