Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
RELATO DE CASO DE SINCRONISMO ENTRE DOENÇA DE HODGKIN PREDOMÍNIO LINFOCITÁRIO NODULAR E ADENOCARCINOMA GÁSTRICO
Abstract
Objetivo: Descrever caso clínico raro e revisar em literatura sincronismo de paciente com linfoma de Hodgkin (LH) predomínio linfocitário nodular sincrônico a adenocarcinoma gástrico. Material e método: Após obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido do paciente, foi realizada de coleta de dados clínicos e laboratoriais em prontuário, com revisão de literatura em base de dados (PubMed, Lilacs, Scielo), utilizando os seguintes descritores: Linfoma de Hodgkin; Neoplasias Gástricas; Associação. Resultado: Sexo masculino, 60 anos, hipertenso, com boa performance clínica, até março de 2020 com relato de êmese, distensão abdominal pós alimentar e perda ponderal de 10 kg em 5 meses. Realizado endoscopia digestiva alta com histologia de carcinoma gástrico invasivo tipo células em anel de sinete ulcerado com infiltração até subserosa e sem acometimento linfonodal (T3N0M0), submetido a gastrectomia subtotal, e avaliação de 19 linfonodos regionais. Contudo, incidentalmente no linfonodo pericoledociano, foram encontradas células linfóides atípicas semelhantes às células de Reed-Stenberg compatíveis com LH, subtipo predomínio linfocitário nodular com CD 30 e CD 15 negativos e CD 20 e PAX-5 positivos. No PET-CT de estadiamento, houve captação em cadeias supra e infra-diafragmáticas e acometimento ósseo difuso (SUV máximo de 15.2 em vértebra L1), caracterizando metástases nodais e ósseas. Biópsia da lesão esternal e da medula óssea sem infiltração por células neoplásicas. A proposta quimioterápica utilizada foi R-CHOP, Após 4 ciclos de quimioterapia, fez PET-CT ínterim que mostrou resposta parcial, com metabolismo glicolítico em a área focal no hemicorpo direito de vértebra L1 (SUV 11,2). Completou 6 ciclos de quimioterapia e, segue estável, em acompanhamento conjunto com a oncologia clínica, estando até o momento sem neoplasia gástrica em atividade e radioterapia de lesão residual em L1. Discussão: O LH raramente é diagnosticado com tumores sólidos,1. São escassos os relatos na literatura de sincronismo do câncer gástrico com doenças linfoproliferativas, e, quando existentes, costumam tratar-se do envolvimento sincrônico com o linfoma não-Hodgkin, especialmente o linfoma MALT gástrico, sendo o envolvimento com o LH bastante incomum. Frente a um aumento do linfonodo local ou lesões a distância em um paciente com câncer gástrico comumente infere-se que seja por metástase, podendo ocorrer a omissão de biópsias adicionais, subdiagnosticando a doença linfoproliferativa primária. Elas são de difícil tratamento, podendo envolver ressecção cirúrgica curativa, radioterapia e/ou quimioterapia. Devido à raridade do câncer gástrico em sincronia com linfomas nodais, não existe consenso a despeito do manejo ideal desses pacientes. Neste caso optou-se pela ressecção cirúrgica curativa da neoplasia gástrica, tendo em vista o estadiamento do tumor gástrico e a obtenção de margens cirúrgicas livres, seguido de quimioimunoterapia para o tratamento da doença linfoproliferativa. Conclusão: Segundas neoplasias podem ser encontradas simultaneamente em pacientes com diagnóstico de câncer e o tratamento deve ser individualizado, conforme o subtipo histológico e a clínica do paciente.