RevSALUS (Jan 2024)

Problemas orais em residentes rurais: perspetiva autopercebida

  • Ana Catarina Jesus,
  • Fátima Bezerra

DOI
https://doi.org/10.51126/revsalus.v5iSupii.664
Journal volume & issue
Vol. 5, no. Supii

Abstract

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Introdução: Residentes em meios rurais apresentam maior prevalência de cárie dentária, depósitos de cálculo, perda dentária e dor associada à cavidade oral (Barbato et al., 2007). A autoperceção que cada um tem da doença é influenciada, entre outros fatores, pelo contexto sociocultural em que o indivíduo está inserido (Andersen et al., 2005). Em Portugal, a falta de perceção da necessidade de tratamentos dentários é uma das principais razões para não consultar um profissional de saúde oral (Melo et al., 2017). Objetivo: O objetivo deste estudo foi determinar a existência de problemas orais autopercebidos numa população adulta residente num meio rural. Materiais e Métodos: A amostra deste estudo observacional transversal foi constituída por 364 indivídos do concelho de Mértola, sendo considerada estatisticamente significativa tendo em conta o tamanho da população. Foi estratificada por sexo, grupo etário e freguesia de residência, permitindo alcançar a representatividade e a extrapolação dos resultados para toda a população mertolense. Durante janeiro e março de 2022, os participantes responderam a um questionário constituído por nove questões de escolha múltipla, sobre hábitos e comportamentos em SO. Os dados foram analisados no software SPSS® (versão 26.0), considerando um nível de significância de 0,05. Resultados: A idade média foi 53,2 (±19,02) anos, sendo que 49,7% (180) são mulheres. Somente 9,1% (33) têm formação superior. Cerca de 29,3% afirma não ter uma cavidade oral saudável. A maioria (92,8%) relatou ter pelo menos um problema oral atual, como hemorragia gengival (45%), xerostomia (36,2%) e dor no momento da entrevista (21,5%). Quase metade (48,6%) refere ter sensibilidade dentária, maioritariamente as mulheres (p=0,027). A maioria já perdeu dois ou mais dentes (75,4%), porém, apenas 37,8% os substitui através de reabilitação oral. Quanto mais velho é o grupo etário, mais os participantes relatam ter problema orais (p<0,001), como cálculo (p=0,043), xerostomia (p<0,001), mobilidade (p<0,001) e/ou perda dentária (p<0,001). Quanto mais jovem é o grupo, mais referem sensibilidade (p=0,002) e/ou gengivite (p<0,001). Conclusão: Estes dados refletem a falta de perceção da necessidade de tratamento, que influencia diretamente a saúde oral desta população. Sugere-se a realização de observação oral futura, para avaliação da condição oral destes indivíduos.

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