Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

IMPACTO NAS SOLICITAÇÕES DE TRANSFUSÕES ALOGÊNICAS NOS PACIENTES SUBMETIDOS À TRANSPLANTE HEPÁTICO DE DOADOR CADÁVER COM O USO DE RECUPERAÇÃO INTRA-OPERATÓRIA NO HOSPITAL MUNICIPAL VILA SANTA CATARINA (HMVSC)

  • CY Nakazawa,
  • EMS Freitas,
  • RD Santos,
  • BCC Cremasco,
  • PM Braga,
  • PE Kamioka,
  • AM Sakashita,
  • A Bousso,
  • D Nobrega,
  • TAO Paula

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S394 – S395

Abstract

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Introdução: Os transplantes hepáticos possuem um risco de sangramento intra-operatório bastante variável. Em alguns cenários devido à coagulopatia associada à hepatopatia crônica e ao porte cirúrgico complexo (antecedente de trombose de veia porta, hipertensão portal com colaterais, cirurgia abdominal prévia entre outros), sangramentos de grande volume são frequentes e podem requerer o uso de transfusões sanguíneas. O uso de recuperação intra-operatória tem o potencial de reduzir a necessidade de transfusão alogênica. Objetivos: Analisar o impacto nas solicitações de transfusões alogênicas nos pacientes submetidos à transplante hepático de doador cadáver com o uso de recuperação intra-operatória. Material e métodos: Estudo retrospectivo, com levantamento de dados baseados nos registros internos do Departamento de Hemoterapia. Foram analisados os transplantes hepáticos de doador cadáver realizados no período de janeiro de 2017 à julho de 2021 no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC), quanto aos dados demográficos dos pacientes, dados do procedimento de recuperação intra-operatória (RIO) e de consumo transfusional de concentrado de hemácias heterólogo e autólogo em dois grupos de pacientes de pacientes: com ou sem uso de RIO. Resultados: Foram analisados 285 transplantes hepáticos realizados no período de janeiro de 2017 à julho de 2021 no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC). A mediana de idade dos pacientes foi 55 anos, sendo 68% dos pacientes do sexo masculino (193) e 32% do sexo feminino (92). 218 receberam transfusão de CH alogênica (76,5%), sendo a mediana de consumo transfusional de 2,0 unidades. Entre os 285 transplantes, 216 destes utilizaram a RIO (75,8%) e 69 não utilizaram (24,2%) sendo as principais contra-indicações para uso de RIO: hepatocarcinoma celular e transplante com baixo risco de sangramento. Dos 216 pacientes que utilizaram RIO, a mediana de volume recuperado da RIO foi de 743,5 mL por procedimento (o que equivale a cerca de 2,7 unidades de CH autólogo) e mediana de transfusão alogênica de 1 unidade de CH. Dos 69 pacientes que não utilizaram RIO, a mediana de transfusão alogênica foi de 2 unidades de CH. Discussão: No HMVSC, a maioria dos pacientes submetidos a transplante hepático usou RIO (75,8% casos) e 76,5% dos pacientes recebeu pelo menos 1 unidade de CH alogênica. Alguns estudos demonstraram que a transfusão alogênica causa imunossupressão e impacta negativamente no desfecho clínico nos pacientes submetidos a transplante hepático. Além disso, há o risco de exposição à reações transfusionais (tais como infecciosas e imunológicas). A utilização de transfusão autóloga é uma estratégia para diminuir a incidência dos efeitos negativos da transfusão alogênica, assim evitando a utilização excessiva do sangue proveniente de doações, um recurso limitado, sendo o sangue recuperado na RIO uma boa estratégia transfusional. Na população estudada, o uso de recuperação intra-operatória minimizou o uso de CH alogênico, o que poupou o consumo de 2,7 unidades de CH. Conclusão: O uso de recuperação intra-operatória minimiza o uso perioperatório de CH alôgenico, prevenindo a exposição de transfusão alogênica e seus possíveis efeitos negativos.