Signum: Estudos da Linguagem (Aug 2019)
Um Estudo das Variantes Lexicais para Denominar o Diabo na Fala do Interior Paranaense
Abstract
Este artigo é uma análise dialetológica e sociolinguística das escolhas lexicais que os falantes de dezesseis cidades do interior do estado do Paraná realizam para completar a sentença: Deus está no céu e no inferno está...? Os dados que embasaram tal investigação foram coletados e transcritos por pesquisadores do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), uma iniciativa contemporânea para o estudo variacionista pautado na importância de valorizar os regionalismos e de compreender as motivações que os geram. Para tanto, cumpriram-se as seguintes análises: (i) bibliográfica, sobre as referências a esse ser em algumas religiões ocidentais; (ii) geolinguística, sobre a distribuição espacial das variantes no interior do Paraná; e (iii) sociolinguística, para verificar se fatores extralinguísticos – como sexo, idade, escolaridade e religião – podem interferir na escolha do falante sobre o uso desta ou daquela denominação. Os dados demonstraram que os falantes aqui pesquisados conhecem quase duas dezenas de nomes para o diabo, sendo cinco são os mais frequentes: diabo, capeta, demônio, satanás e lúcifer, e que a maioria deles está dicionarizada com esta acepção em Aulete (1964) e Ferreira (2004). Quanto às variáveis extralinguísticas, verificou-se que os homens e os informantes da faixa etária II (de 50 a 65 anos) são os responsáveis pelo maior número de variantes, e também pelas ocorrências únicas. As variáveis sexo e religião que os informantes professam não parecem influenciar na presença ou frequência das variantes.
Keywords