Revista Brasileira de Cartografia (Jun 2017)
DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO PARA O ESTUDO DAS INTERAÇÕES BIOSFERA-ATMOSFERA EM ECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS: UMA REVISÃO
Abstract
Atualmente é grande a preocupação com o desmatamento das áreas tropicais, em particular na Amazônia, e sua influência no clima. Há alguns anos vêm sendo realizados experimentos de campo envolvendo coletas contínuas de dados relacionados às trocas de energia e CO2 entre a superfície e a atmosfera na região amazônica. No entanto, as medidas obtidas por esses experimentos são geralmente representativas de pequenas áreas. Este estudo tem como objetivo apresentar e discutir alguns dos principais modelos desenvolvidos para estimativa dos fluxos energéticos na superfície e CO2 mediante dados de satélite, ressaltando as potencialidades e limitações de aplicação na região amazônica. De modo geral, os algoritmos de fluxos de energia utilizam imagens nas regiões do visível e infravermelho (próximo e termal) e são baseados em métodos empíricos e físicos. As variáveis in situ necessárias correspondem à temperatura do ar e velocidade do vento, e as maiores incertezas estão na determinação dos fluxos de calor no solo e sensível. Por sua vez, os modelos de fluxos de CO2 baseiam-se nos espectros do visível e infravermelho próximo, sendo alicerçados no conceito de eï¬ciência de uso da radiação (RUE). O maior desaï¬o está justamente na deï¬nição do termo de RUE para distintos ecossistemas, e a informação básica de campo refere-se à radiação solar. Em suma, o uso de algoritmos baseados em imagens de satélite possui um importante papel no entendimento espacial e temporal de parâmetros biofísicos da superfície em uma região onde a maioria das informações são geradas pontualmente. Os dados gerados podem ser utilizados para alimentar modelos de superfície acoplados aos modelos de circulação geral da atmosfera, permitindo, entre outros, avaliar o impacto, em âmbito regional e global, causado por mudanças de uso/ cobertura da terra.