Cadernos de Saúde Pública (Feb 2002)

As concepções de risco e de prevenção segundo a ótica dos usuários de drogas injetáveis The concepts of risk and prevention from the perspective of injecting drug users

  • Suely Ferreira Deslandes,
  • Eduardo Alves Mendonça,
  • Waleska Teixeira Caiaffa,
  • Denise Doneda

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000100015
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 1
pp. 141 – 151

Abstract

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O presente estudo objetivou analisar, em caráter exploratório e segundo uma abordagem qualitativa, a ótica dos usuários de drogas injetáveis (UDI) sobre: (a) riscos associados à prática injetável; (b) riscos frente ao HIV/AIDS; (c) prevenção diante do HIV/AIDS. O estudo foi feito em cinco cidades que possuíam o Projeto de Redução de Danos (Projeto AjUDE-Brasil). Foram realizadas quarenta entrevistas semi-estruturadas. O conceito de "risco" foi a categoria chave deste trabalho. Os UDI apontam que os principais riscos que correm são os de "pegar doenças", a "overdose" e a violência. Articulam estratégias para lidar com esses riscos ou minimizá-los. Revelam alto nível de informação geral sobre HIV/AIDS, mas pouco conhecimento sobre reinfecção e outras doenças transmitidas pelo sangue. Os UDI tentam seguir as recomendações das campanhas de saúde; porém, enfrentam as dificuldades impostas pelas práticas de adição. Sugerem estratégias alternativas e demonstram uma leitura particular do conceito de "compartilhamento".This paper provides an exploratory analysis, using a qualitative approach, to perceptions by injecting drug users (IDUs) on: (a) risks associated with injecting practices; (b) risks of HIV/AIDS; and (c) prevention of HIV/AIDS. The study was conducted in five harm reduction programs in Brazil (the AjUDE-Brasil Project). Forty semi-structured interviews were carried out. The study focuses on the concept of "risk". IDUs were mainly concerned over becoming ill and exposure to overdose and violence. IDUs dealt with individual problems in very specific ways in order to minimize them. They admitted that they were well informed about HIV/AIDS but lacked knowledge on reinfection and other bloodborne diseases. IDUs intended to follow guidelines established by health campaigns, but their addiction usually made it difficult. IDUs also suggested alternative harm reduction strategies and displayed a peculiar reading of concepts concerning sharing their injecting paraphernalia.

Keywords