Revista de Estudos da Linguagem (Mar 2016)
A propósito da “síntese brasileira” nos estudos de gêneros
Abstract
Em publicações recentes, pesquisadores estrangeiros têm mencionado a existência de uma “síntese brasileira” nos estudos de gêneros (textuais/discursivos), a qual teria sido impulsionada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e pelo Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais (SIGET), configurando-se como um modelo teórico alternativo, uma quarta ou quinta grande tendência mundial de estudos de gêneros, capaz de conciliar abordagens linguísticas, retóricas, sociológicas e pedagógicas. O aludido modelo brasileiro encontraria suas bases teóricas e metodológicas na Escola de Genebra e no interacionismo sociodiscursivo. Este trabalho tem como objetivo discutir o estatuto da “síntese brasileira” conforme defendida principalmente por Bawarshi e Reiff ([2010] 2013), mas também por Swales (2012), a partir de um levantamento panorâmico das abordagens teóricas correntes no país, incluindo uma discussão das principais influências que marcam a pesquisa brasileira no campo dos gêneros. Para isso, uma atenção especial é dedicada a estudos que buscam mapear abordagens teóricas, bem como combinações entre abordagens, nos trabalhos de pesquisadores brasileiros, além de se realizar um exame crítico de publicações que contribuíram para a divulgação dos estudos brasileiros de gêneros no exterior e fundamentaram a hipótese da síntese. Os resultados indicam a existência de uma significativa complexidade e ecletismo nas abordagens de gêneros por autores brasileiros, ao lado da adesão a perspectivas específicas e diferenciadas, o que problematiza em muito a possibilidade de uma síntese entendida como uma perspectiva única e unificada.
Keywords