Anuário do Instituto de Geociências (May 2019)

Geocronologia U-Pb em Rochas Subsaturadas em Sílica – da Descoberta da Badeleíta ao seu uso Potencial como Geocronômetro no Brasil

  • Mauricio Brito Huttner,
  • Débora Correia Rios,
  • Cristina Maria Burgos de Carvalho,
  • Maria de Lourdes da Silva Rosa

DOI
https://doi.org/10.11137/2019_3_361_370
Journal volume & issue
Vol. 42, no. 3
pp. 361 – 370

Abstract

Read online

A geocronologia U-Pb revolucionou a geologia com idades precisas e altamente confiáveis. O método, amplamente difundido, utiliza o zircão como o principal mineral datável por favorecer a substituição do Zr por U, mas impedir a entrada do Pb na sua estrutura, permitindo datar a cristalização de rochas ígneas e metamórficas e obter idade de proveniência de sedimentos. Contudo, o zircão apresenta uma limitação marcante: é raro ou ausente em rochas sub-saturadas em sílica. Em sua ausência outros minerais são utilizados na datação, tais como apatita, monazita e perovskita, mas é a badeleíta o mineral que mais se destaca na datação de rochas sub-saturadas. A badeleíta possui as mesmas vantagens de substituição química do Zr pelo U-Th-Pb do zircão, mas apresenta algumas dificuldades no seu uso: tamanho geralmente diminuto e hábito placóide, que dificulta a sua concentração pelos métodos convencionais. Em 2002 uma metodologia específica para concentrar badeleíta revolucionou o seu uso como geocronômetro, mas eram poucos os laboratórios que dominavam a técnica, denominada “Söderlund”, e em geral restritos à América do Norte, Europa e Austrália. Desde 2017 a Superintendência Regional de Salvador do Serviço Geológico do Brasil concentra badeleíta através de uma adaptação da metodologia utilizando a mesa concentradora do tipo “Wilfley Table”, para a realidade brasileira. Este trabalho apresenta em detalhes a rotina de concentração que, além de badeleíta, consegue concentrar zircão em rochas nas quais o método clássico não se mostrou eficiente.

Keywords