Revista de Estudos da Linguagem (Jan 2017)

Padrões de uso dos dois pontos e reticências em traduções de Paulo Henriques Britto como traço do estilo do tradutor

  • Célia Maria Magalhães,
  • Ícaro Luiz Rodrigues de Melo

DOI
https://doi.org/10.17851/2237-2083.25.1.305-332
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 1
pp. 305 – 332

Abstract

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Estudos sobre pontuação e estilo de tradutores, incipientes nos estudos da tradução, observam que há mudanças obrigatórias ou opcionais de pontuação nos textos traduzidos (TT) que alteram o estilo dos textos-fonte (TF). Este artigo investiga o uso dos dois pontos e das reticências como provável traço do estilo do tradutor. O objetivo é mostrar que há padrões de preferência do tradutor usados provavelmente visando o público-alvo da tradução. Estudos sobre o estilo do tradutor, como Baker (2000), Munday (2008) e Saldanha (2011), May (1997), Minelli (2005) e Novodvorski (2013) servem de base teórica para a análise a que se propõe este trabalho. São também usados estudos sobre uso da pontuação no inglês e português (QUIRK et al., 1985; HALLIDAY, 1985; TUFANO, 2005). O corpus de análise é composto por três coletâneas de contos de autores americanos como, Philip Roth, John Updike e Jumpha Lahiri e as respectivas traduções para o português, de Paulo Henriques Britto, integrantes do Corpus ESTRA (MAGALHÃES, 2014). Na metodologia de análise foram usadas ferramentas do programa WordSmith Tools© 6.0 para gerar automaticamente dados estatísticos e linhas de concordâncias. O programa Microsoft Word 2010 foi usado para alinhamento e categorização dos recursos de pontuação analisados. Os resultados obtidos confirmam padrões de preferências tradutórias de Paulo H. Britto no uso dos dois pontos e reticências, marcando fronteiras diferentes entre orações, provavelmente visando à compreensão do público-alvo. Confirmam também o argumento de Saldanha (2011) segundo a qual o estilo do tradutor pode ser influenciado pela narrativa do TF.

Keywords