Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
SOROPREVALÊNCIA DE DOAÇÕES DE SANGUE REAGENTES PARA HIV EM UM BANCO DE SANGUE NO ESTADO DE SERGIPE
Abstract
Uma das maiores preocupações relacionadas à segurança transfusional é a possibilidade de transmissão de doenças infecciosas pelo sangue, dentre elas as hepatites B e C, Sífilis, HIV, Doença de Chagas e o HTLV. No passado, a transfusão de sangue era uma das principais vias de transmissão do HIV. Em países em desenvolvimento, entre 5% e 10% dos casos de HIV eram atribuídos a transfusões com sangue contaminado. Felizmente, graças a rigorosos protocolos de triagem e testes, o risco de transmissão do HIV por transfusão sanguínea é extremamente baixo nos dias de hoje. As triagens clínicas e sorológicas de candidatos à doação de sangue são obrigatórias de acordo com a Portaria nº158/2016 do Ministério da Saúde, visando minimizar as chances de transmissão de agentes infecciosos durante a transfusão de sangue. A soroprevalência do HIV no Brasil varia de acordo com o grupo populacional e a região do país. Em 2022, o Brasil atingiu a meta de 86% das pessoas vivendo com HIV que conhecem o seu status sorológico, mas ainda precisa alcançar as metas de 95% de adesão ao tratamento. Neste mesmo ano foram registrados 43.403 casos de detecção do HIV, com 73,6% em homens e 26,3% em mulheres. Objetivou-se avaliar a prevalência de doações de sangue com sorologia reagente para o vírus do HIV em um banco de sangue de Sergipe. Trata-se de um estudo transversal retrospectivo realizado no período de janeiro a dezembro de 2023, por meio dos dados de soroprevalência para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV I e II) do cenário do estudo. Resultados e discussão: Constatou-se um total de 10.723 (100%) candidatos a doação de sangue, destes 18 (0,16%) apresentaram sorologia reagente para HIV, com predomínio do gênero masculino 12 (0,11%). Em geral, estudos observam maior prevalência de HIV entre doadores do sexo masculino, possivelmente devido a fatores comportamentais e diferenças na vulnerabilidade à infecção. Ao analisar os resultados do relatório de produção hemoterápica da ANVISA (2024), identificou-se que das 3.024.419 (100%) amostras testadas no Brasil para HIV I/II em bancos de sangue, 5.372 (0,17%) foram reagentes, o que demonstra que o banco de sangue do estudo está em linha com o resultado nacional. Destaca-se que através da triagem rigorosa e doações conscientes, podemos garantir o acesso à um sangue seguro para quem necessita, além de contribuir para a prevenção da transmissão do HIV e outras doenças infecciosas. Conclusão: Constatou-se que a prevalência de doações de sangue com sorologia reagente para o HIV apresentou um valor similar ao encontrado no cenário nacional. Apesar da baixa prevalência, o HIV ainda representa um risco à saúde pública, e medidas de prevenção e conscientização devem ser continuamente implementadas. Faz –se necessário promover campanhas de conscientização sobre o HIV e a importância da doação de sangue segura, assim como estimular o diálogo aberto e o combate ao estigma associado ao HIV.