Cadernos de Saúde Pública (Jan 2003)

Pedófilo, quem és? A pedofilia na mídia impressa Pedophile, who are you? A study of pedophilia in the press

  • Tatiana Savoia Landini

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000800009
Journal volume & issue
Vol. 19
pp. S273 – S282

Abstract

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O artigo traça as características atribuídas pela mídia impressa (Folha de S. Paulo)à pedofilia - incluindo aqui a imagem do agressor (quem pratica) e as razões atribuídas a tal ato ou comportamento (o porquê). A técnica de pesquisa é a análise por oposição, utilizando as reportagens sobre outras formas de violência sexual contra a criança (abuso sexual, pornografia infantil, estupro e incesto) como contraponto a fim de melhor elucidar as características próprias da pedofilia. Foram analisados 384 textos jornalísticos - dos quais 114 referentes à pedofilia - publicados ao longo dos anos de 1994 a 1999. Os resultados alcançados mostram que a narrativa da violência sexual contra crianças é permeada pelos conceitos de classe e violência/doença, reiterando a visão de senso comum da existência de uma violência produto da barbárie e da pobreza, e uma violência produto de um 'desvio psicológico', estando essas explicações relacionadas à classe social do agressor. A perspectiva teórica adotada - de que existe uma relação entre mídia e realidade - permite afirmar que tal viés é também compartilhado pela sociedade brasileira.This paper define the characteristics of pedophilia as it appears in the Brazilian newspaper Folha de São Paulo, including both the characteristics of the pedophile and the reasons given for such behavior. The research employs a technique called analysis by opposition which means that news coverage on other forms of sexual violence against children (sexual abuse, child pornography, rape, and incest) is used to help shed light on the characteristics of pedophilia itself. Some 384 articles were analyzed, of which 114 referred to pedophilia, all published between 1994 and 1999. News on sexual abuse of children was biased by concepts of class and violence/illness, reiterating the lay view that violence can be either a result of barbarianism and poverty or of psychological disorder, both depending on the aggressor's social class. The theoretical perspective adopted, that there is a correlation between media and reality, indicates that this bias is shared by Brazilian society as a whole.

Keywords