Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA APÓS USO DE IMUNOSSUPRESSÃO POR ESCLERODERMIA: UM RELATO DE CASO.

  • MFGM Fernandes,
  • LM Prestes,
  • MF Pereira,
  • IM Almeida,
  • LM Pinheiro,
  • EOA Araujo,
  • MTPD Santos,
  • EC Gomes,
  • MEC Bitencourt,
  • JWO Romanov

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S976

Abstract

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Introdução: A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma forma grave e agressiva de leucemia que afeta as células precursoras da medula óssea. Essa doença hematológica é caracterizada pelo crescimento descontrolado e acúmulo de células mieloides imaturas, em detrimento da produção de células sanguíneas saudáveis. Relato de caso: Paciente masculino, 50 anos, tabagista, internado (11/2021) por histórico de 3 meses de perda ponderal, inapetência e fadiga. Histórico médico com segmentectomia esquerda com ressecção de lesão cística escavada, indicando histiocitose de células de Langerhans. Relatava uso de metotrexato para tratamento de esclerodermia. No hemograma, apresentava leucocitose escalonada (23.450), blastos (5.159), promielócitos (469), mielócitos (1.172) e plaquetopenia leve (117.00). Realiza-se ainda biópsia de medula com imunofenotipagem, evidenciando leucemia mieloide aguda com comprometimento de linhagem monocítica (M5b). Inicia-se, então, citorredução com hidroxiureia, e depois, protocolo poliquimioterápico 7+3, com intuito curativo. Houve progressão de lesões pulmonares, ósseas e de infiltrações medulares, indicando sarcomas granulocíticos. Paciente torna-se pancitopênico, com quadro de colecistite aguda, tratado por punção radiointervencionista, porém evolui para múltiplos abscessos hepáticos, o que impede continuação da consolidação. Após alta hospitalar, paciente retorna ao ambulatório, com hemograma demonstrando leucocitose (200.000), blastos (acima 100.000) e plaquetopenia grave (25.000) e inicia nova internação com uso de hidroxiureia para diminuição de massa tumoral. Nova alta hospitalar (10/2022), contudo retorna por conta de TCE resultante de queda, o que desencadeia hemorragia subaracnóidea espontânea e óbito. Discussão: A suspeita inicial de LMA parte da história clínica em conjunto com o hemograma, na maioria das vezes, com plaquetopenia, anemia, neutropenia. O uso de fármaco imunossupressor, como metotrexato, para a doença reumatológica Esclerodermia, tem sido relacionado com leucemia mieloide crônica, que poderia ter sido diagnosticado em um período de agudização nesse paciente, o que corrobora com a análise imunofenotípica realizada. O tratamento da LMA depende da clínica do paciente, e se estiver estável inicia-se com uma terapia de indução 7+3 para mielossupressão. Logo após o início do tratamento, o paciente apresentou sarcomas granulócitos, também chamados de sarcomas mieloides, que são massas tumorais de células mieloides imaturas que se fixam em locais extramedulares. Esses sarcomas ocorrem em 2% a 14% dos casos de LMA, e podem ser uma manifestação, uma recaída de LMA previamente tratada ou até uma remissão. Conclusão: A leucemia mieloide aguda é uma neoplasia complexa e de heterogeneidade clínica, morfológica e molecular. Ademais, existem particularidades na evolucão de cada paciente, nesse caso com a imunossupressão prolongada, que demanda avaliações clínicas acuradas e extenso conhecimento acerca da doença.