ANÁLISE DE BIOMARCADORES HEMATOLÓGICOS PARA FINS DE DECISÃO CLÍNICA DE PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME NO AMAZONAS

Abstract

Introdução: A anemia falciforme é uma doença genética que ocorre devido a substituição do ácido glutâmico pela valina, o que gera o aparecimento da hemoglobina S. Em situações de hipóxia, eritrócitos com a mutação sofrem uma mudança estrutural, que gera fragilidade membranar e consequentemente hemólise, expondo o conteúdo intracelular para o plasma e culminando em uma intensa ativação do sistema imune em condições de crise vaso-oclusiva (CVO). Objetivo: Analisar o perfil de biomarcadores hematológicos em pacientes com anemia falciforme atendidos no Hemocentro do Amazonas. Materiais e métodos: Foram incluídos 45 pacientes em estado estacionário (StSt) e 16 pacientes em crise vaso-oclusiva (CVO). Foram coletadas amostras de sangue periférico em tubo de EDTA para análise do hemograma pelo equipamento ADVIA 2120i. Os dados foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel e utilizados para posterior análise. A comparação dos dados foi feita com o teste de Mann-Whitney e a correlação pelo teste de Spearman no software GraphPad Prism v.9.0, com intervalo de confiança de 95% e p significativo quando p < 0.05. Para a pesquisa de biomarcadores empregou-se os valores acima do percentil 50 para identificar os alto produtores e construção dos gráficos. Resultados: O grupo dos pacientes em crise vaso-oclusiva foram marcados por menor hematócrito (p = 0,006), maior contagem de leucócitos totais (p = 0,02) e maior valor absoluto de neutrófilos (p = 0,003). Observamos várias correlações positivas nos pacientes em StSt, enquanto durante a crise, a quantidade de correlações significativas entre as células e parâmetros foi reduzida. Na pesquisa de biomarcadores, observamos que pacientes em CVO são alto produtores de neutrófilos, linfócitos e monócitos, bem como de hemoglobina. Discussão: O perfil imunológico guiado pela contagem de leucócitos tem sido muito empregado na rotina clínica, entretanto, nossos resultados demonstraram que na condição StSt, há uma maior confiança na representação dos dados, em comparação da crise, além de uma melhor dinâmica entre os parâmetros. Já na CVO, embora seja marcada por intensa produção de mediadores inflamatórios, e consequente maior participação da imunidade inata, observamos que a hemoglobina acaba também por atuar como um bom marcador de decisão clínica. Fisiologicamente, muitos dos mediadores são recrutados para sítios ativos e, portanto, podem acabar reduzidos no sangue periférico durante a crise, o que poderia justificar a imunomodulação desregulada em quadros de crise, e estímulo inflamatório. Conclusão: Para fins de acompanhamento clínico, observamos que os leucócitos podem ser empregados em momentos de crise do paciente, no entanto possui pouca interferência nos parâmetros gerais. Mais estudos são necessários para comparar exames de melhor acessibilidade e de baixo custo para determinar melhores prognósticos clínicos dentro dos pacientes com anemia falciforme.