Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANEMIA FERROPRIVA E DESNUTRIÇÃO NA POPULAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL: UM PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DOS ÚLTIMOS ANOS.

  • JA Ferreira,
  • ACDB Gomes,
  • MEBS Canto,
  • FC Rosa,
  • GS Zveibil

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S21 – S22

Abstract

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Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico das internações da população indígena por anemia ferropriva e desnutrição nos últimos anos no Brasil. Materiais e métodos: Estudo epidemiológico ecológico de série temporal a partir da coleta de dados de 2022, do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/DATASUS). Foram estudadas as internações por anemia por deficiência de ferro e desnutrição em indígenas de 2018 a maio de 2023. As variáveis consideradas foram: sexo, região e faixa etária. Utilizou-se o meio de estatísticas descritivas para a análise. Resultados: Nos anos estudados, tiveram 3.059 internações de indígenas por anemia ferropriva e desnutrição, sendo 1.622 pela primeira causa e 1.427 pela segunda. Ao separar por região, vemos que a região Norte tem maior número de internações com 1.348 casos, seguido da Centro Oeste com 1.094, depois região Sul com 253, Nordeste com 235, e Sudeste com 129. Ao analisar a evolução dos anos, temos que em 2.018 foi de 414, 2019 com 559, 2.020 com 447 e 2.021 com 639, 2.022 com 724, 2.023 até maio possui 237 notificações. Ao analisar o sexo, o masculino possui 1.399 casos e o feminino com 1.660 casos. Em relação à faixa etária, temos que as crianças indígenas de 1 a 4 anos tem mais internações com 747, já menor de um ano tem 634 casos, outra faixa etária que merece atenção são as mulheres com idade de 20 a 49 anos, que possuem 406 casos. Discussão: A desnutrição e a anemia presente em grande parte da população indígena do Brasil, aumenta a incidência de doenças infecciosas e desempenhando um papel importante na sequência de eventos que levam ao óbito. Em relação à análise temporal, percebe-se números crescentes, evidenciando a grave crise humanitária dos últimos anos. Ao comparar os dados com outras bases de dados, nota-se uma inconsistência, já que os números declarados pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena no Sistema Único de Saúde (SasiSUS) é cerca de seis vezes maior que os números deste estudo. Demonstrando que os dados oficiais não refletem a absoluta realidade, gerando um alerta a todos os profissionais de saúde. Conclusão: Fica claro a necessidade de planejar estratégias de intervenção adaptadas à realidade local. Também deve ocorrer a estruturação dos serviços de saúde e de assistência para que o monitoramento e vigilância das condições nutricionais e a certificação do acesso pleno à alimentação adequada e saudável seja garantido, sendo a dificuldade de acesso à região um desafio para os gestores para esse monitoramento contínuo. Além disso, mais estudos devem ser fomentados para que essas comorbidades desta população ganhe a notoriedade necessária.