Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-368 - TRATAMENTO PARENTERAL DA TUBERCULOSE GRAVE: RELATO DE CASO E OPÇÕES TERAPÊUTICAS

  • Alessa de Andrade Santana,
  • Mariangela Ribeiro Resende,
  • Julia Domingues Gatti,
  • Pedro Teixeira Meirelles,
  • Antonio Camargo Martins,
  • Marcia Teixeira Garcia

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104269

Abstract

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Introdução: A tuberculose (TB) é a segunda causa de morte por um único agente infeccioso no mundo. No Brasil, no contexto de casos de TB grave são utilizadas medicações parenterais alternativas. Objetivo: Relatar caso de TB disseminada grave, com ênfase nas particularidades da terapêutica específica quando o TGI não está funcional. Método: Relato de caso, revisão de prontuário e revisão de literatura. Resultados: Mulher, 18 anos, encaminhada ao serviço terciário por obstrução ureteral. Referia tosse, perda de peso, febre e sudorese intermitente há dois anos, com tratamento antimicrobiano inespecífico e pesquisa de escarro negativa. Há seis meses com dor abdominal em andar inferior, intermitente, com náuseas e vômitos, sendo diagnosticada nefrolitíase bilateral e adenite mesentérica em fossa ilíaca direita. Pela obstrução ureteral à esquerda foi instalado duplo J. Na investigação complementar observou-se à TC de abdome, enterocolite e na base do tórax micronódulos, opacidades centrolobulares ramificadas e em vidro fosco com aspecto de árvore em brotamento. Foi coletado escarro com pesquisa de BAAR positiva e detecção de M. tuberculosis no TRM-TB do escarro e da urina; a sorologia para HIV foi negativa. Feito o diagnóstico de TB disseminada, pulmonar, laríngea, intestinal e de vias urinárias e iniciado o tratamento com RHZE. Após sete dias evoluiu com melena e instabilidade hemodinâmica, feito EDA (normal) e colonoscopia (ileíte, colite e uma úlcera em ângulo hepático). Alterado o tratamento de RHZE para amicacina, levofloxacino, meropenem associado à clavulanato, por via endovenosa. Linezolida não foi utilizada pela hemoglobina de 6,2g/dL e sangramento ativo. Encaminhada para laparotomia exploradora, que evidenciou úlceras sangrantes no intestino delgado, sendo ressecado 170 cm e feita peritoneostomia, no anatomopatológico do delgado foi confirmada TB intestinal. Evoluiu com melhora, e após liberação de dieta foi reintroduzido o esquema RHZE. Recebeu alta 45 dias após admissão. Conclusão: Este relato evidencia as limitadas opções terapêuticas parenterais para TB em situações de TGI não funcionante, bem como uma grande lacuna nas diretrizes de tratamento. Estudos demonstram a absorção errática da rifampicina por sonda nasoenteral e no Brasil não dispõe-se de R e H por via endovenosa. Avaliação de custo-efetividade da incorporação da R e H para uso parenteral no Brasil deve ser realizada.