Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Oct 1993)

Quimiotipagem do Cryptococcus neoformans. Revisão da literatura. Novos dados epidemiológicos sobre a criptococose. Nossa experiência com o emprego do meio de C.G.B. no estudo daquela levedura Biotyping of Cryptococcus neoformans. Review of the literature. New epidemiologic informations about cryptococcosis. Our experience with the utilization of C.G.B medium in this yeast

  • Natalina Takahashi de Melo,
  • Carlos da Silva Lacaz,
  • Cecília Eugênia Charbel,
  • Amélia Dias Pereira,
  • Elisabeth Maria Heins-Vaccari,
  • Antonio Spina França-Netto,
  • Luis dos Ramos Machado,
  • José Antonio Livramento

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651993000500015
Journal volume & issue
Vol. 35, no. 5
pp. 469 – 478

Abstract

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O presente trabalho, além da revisão da literatura sobre quimiotipagem do C. neoformans, com novos dados sobre a epidemiologia da criptococose, teve por finalidade principal a caracterização das duas variedades desta levedura em pacientes com neurocriptococose, HIV + e HIV -. As variedades neoformans e gattii estão hoje bem definidas bioquimicamente, com o emprego do meio C.G.B., proposto por KWON-CHUNG et al. (1982) 24. O isolamento do C. neoformans var. gattii das flores e folhas do Eucalyptus camaldulensis e do Eucalyptus tereticornis, na Austrália, através dos trabalhos de ELLIS & PFEIFFER (1990)16 e PFEIFFER & ELLIS (1992)41, possibilitou investigações epidemiológicas das mais interessantes sobre este microrganismo, levedura capsulada a qual SANFELICE50, 51, na Itália, em 1894 e 1895 despertou a atenção do meio médico. BUSSE8, em 1894, descrevia o primeiro caso de criptococose humana sob a forma de lesão óssea, simulando sarcoma. As pesquisas nacionais sobre o assunto em foco foram destacadas, seguindo-se a experiência dos Autores com o meio de C.G.B. (L - canavanina, glicina e azul de bromotimol). Foi possível, através deste meio o estudo de 50 amostras de líquor, sendo 39 procedentes de aidéticos (78%) e 11 de não aidéticos (22%). De pacientes HIV+, 37 (74%) foram identificados como C. neoformans var. neoformans e 2 (4%) como C. neoformans var. gattii. Dos HIV- 8 ( 16%) foram classificados como C. neoformans var. neoformans e 3 (6%) como C. neoformans var. gattii. Através deste trabalho, evidencia-se a importância da neurocriptococose, principalmente entre os aidéticos, demonstrando-se mais uma vez o interesse do meio CGB na quimiotipagem do C. neoformans em suas duas variedades, ganhando em importância a demonstração de que duas espécies de eucalipto podem funcionar como "árvores-hospedeiras" para o Cryptococcus neoformans var. gattii.The purpose of this work was to collect the main information from the literature about the biotyping of Cryptococcus neoformans. The more up-to date research concerning the epidemiology of cryptococcosis comprising quite a few articles, mainly after the advent of AIDS, was also reviewed. The Cryptococcus neoformans varieties neoformans and gattii are well defined biochemically nowadays chiefly through the C.G.B. medium, according to KWON-CHUNG et al. (1982)24. The isolation of C. neoformans var. gattii from flowers and leaves of Eucalyptus camaldulensis and Eucalyptus tereticornis, specially in Australia, through the works of ELLIS & PFEIFFER (1990) 16 and PFEIFFER & ELLIS (1992) 41 permitted very interesting epidemiological investigations on C. neoformans, a capsulaled yeast by which SANFELICE 50, 51, in Italy (1894; 1895) attracted attention of medical class. BUSSE 8, in 1894, described the first human case of cryptococcosis under the presentation of a bone lesion simulating sarcoma. In this paper, the Brazilian researchers focused on this subject were pointed out, followed by the Author's experience with the C.G.B medium (L - canavanine, glycin and bromothymol blue) proposed by KWON-CHUNG et al. (1982) 24 with very good results. It was possible with such medium the study of 50 C.N.S. liquor samples, being 39 from AIDS patients (78%) and 11 from non-AIDS ones (22%). Thirty-seven out of the 39 HIV- positive patients (74%) were identified as C. neoformans var. neoformans and 2 (4%) as C. neoformans var. gattii. From the negative HIV, 8 (16%) were classified as C. neoformans var. neoformans and 3 (6%) as C. neoformans var. gattii. We could not perform the serotyping of the above referred samples. It is evident anyway that in Brazil there exist both varieties gattii and neoformans, agents of neurocryptococcosis, including AIDS patients. The importance of neurocryptococcosis, mainly among AIDS patients, is stressed here, showing once more the value of C.G.B. medium in the typing of C. neoformans in its two varieties. Also, it is of relevant importance the demonstration that some species of eucalyptus may act as "host-trees" of C. neoformans var. gattii.

Keywords